Economia

BC mantém ritmo de aperto, mas ciclo pode estar perto do fim

omitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa básica de juros em 0,50 ponto percentual, a 10,50 por cento ao ano


	Reunião do copom: BC praticamente repetiu o comunicado da reunião anterior, ressaltando que a decisão, unânime, dá prosseguimento ao processo de ajuste da taxa
 (Agência Brasil)

Reunião do copom: BC praticamente repetiu o comunicado da reunião anterior, ressaltando que a decisão, unânime, dá prosseguimento ao processo de ajuste da taxa (Agência Brasil)

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Da Redação

Publicado em 15 de janeiro de 2014 às 21h31.

Brasília - O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou nesta quarta-feira a taxa básica de juros em 0,50 ponto percentual, a 10,50 por cento ao ano, mantendo o ritmo de aperto monetário diante da inflação ainda resistente, mas indicou que o ciclo pode estar perto do fim.

O BC praticamente repetiu o comunicado da reunião anterior, ressaltando que a decisão, unânime, dá prosseguimento ao processo de ajuste da taxa Selic, mas incluiu a expressão "neste momento", o que foi visto por analistas como um sinal de que pode reduzir o ritmo de aperto ou até mesmo encerrar o ciclo em breve.

"Foi um movimento inteligente. A expressão 'neste momento' indica que a alta de 0,50 ponto percentual era apropriada para agora, mas pode não ser no próximo encontro (do Copom). O BC está telegrafando que ele pode desacelerar o passo para alta de 0,25 ponto no próximo encontro ou mesmo interromper o ciclo", afirmou o diretor de pesquisa econômica para América Latina do Goldman Sachs, Alberto Ramos.

Essa foi a sétima alta seguida da Selic, num processo de aperto monetário iniciado em abril passado, quando a taxa estava na mínima histórica de 7,25 por cento ao ano. Nos cinco encontros anteriores, o Copom também optou por altas de 0,5 por cento.

As opiniões estavam divididas sobre o tamanho da alta dos juros nesta reunião. Parte dos agentes econômicos acreditava na manutenção do ritmo de alta após a inflação oficial em dezembro ter surpreendido e chegado ao nível mais alto em mais de uma década, deixando o cenário inflacionário para este ano ainda mais complicado.

Pesquisa da Reuters mostrou na semana passada que a maioria dos analistas consultados previa alta de 0,25 ponto percentual da Selic. Mas no mercado futuro de juros, desde o início desta semana a maioria das apostas era de alta de 0,5 ponto percentual.


O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou 2013 com alta de 5,91 por cento, frustrando o objetivo do governo de ver a inflação recuar ante o ano anterior. O presidente do BC, Alexandre Tombini, reconheceu que o resultado mostrou "resistência ligeiramente acima daquela que se antecipava".

Analistas elevaram na última pesquisa Focus, do BC, a previsão para alta do IPCA em 2014 a 6 por cento, aproximando-o cada vez mais do teto da meta oficial, de 4,5 por cento com margem de tolerância de 2 pontos percentuais para mais ou menos.

Outra parte dos especialistas apostava que o Copom desaceleraria o passo para evitar que a recuperação da economia fosse prejudicada, ainda mais num ano eleitoral e com as contas públicas sob constantes críticas.

"A decisão foi positiva porque o BC não ignorou uma mudança de cenário com a inflação de dezembro, que foi o motivo de dar mais 0,5 ponto (de alta). Mostra que o BC está vigilante", afirmou o diretor de gestão de ativos da corretora Ativa, Arnaldo Curvello, para quem a Selic pode ser elevada em 0,25 ponto no próximo encontro do Copom, no final de fevereiro, caso a inflação não traga mais surpresas desagradáveis.

Para 2014, os principais fantasmas para a inflação são o dólar, que subiu mais de 15 por cento ante o real no ano passado e deve continuar ganhando terreno, e os preços administrados.

"Eles tentaram deixar mais claro ainda o que tinham indicado no último comunicado (de novembro): que está próximo do final do ciclo, que esse ritmo de 0,50 (ponto de alta) não se mantém para as próximas reuniões", afirmou a economista do Santander Brasil Tatiana Pinheiro, para quem a Selic chegará a 11 por cento neste ano.

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