Ilan Goldfajn: "Temos a queda da Selic (a taxa básica) para o mínimo histórico, que é o ingrediente principal, e temos várias medidas estruturais" (Adriano Machado/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 10 de abril de 2018 às 17h26.
Brasília - O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, afirmou nesta terça-feira, 10, durante audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, que a instituição gostaria que, desta vez, a queda dos juros ao consumidor fosse mais intensa.
Isso porque, segundo ele, "temos a queda da Selic (a taxa básica) para o mínimo histórico, que é o ingrediente principal, e temos várias medidas estruturais". Por isso, reforçou o presidente do BC, "queremos redução mais rápida, para termos logo crédito mais barato".
Ilan afirmou, em resposta a questionamentos do senador Armando Monteiro (PTB-PE), que está havendo queda do spread bancário. Segundo ele, além da baixa da Selic, contribuíram para isso as várias medidas tomadas pelo governo.
O presidente do BC citou, como exemplo, o estabelecimento do teto de gastos. "Temos hoje a chance de manter a inflação baixa no futuro. A continuidade do processo de reformas e ajustes vai permitir isso", pontuou ainda Ilan, citando medidas voltadas para as garantias das operações de crédito, a Letra Imobiliária Garantida (LIG) e a duplicata eletrônica.
"No cartão de crédito, regulamentamos e impedimos a bola de neve", afirmou. "A mesma coisa saiu agora no cheque especial, que foi feito pela Febraban (Federação Brasileira de Bancos)", citou, em referência às medidas anunciadas nesta terça pela instituição.
Questionado a respeito de possível estabelecimento de limites às tarifas dos cartões de crédito, nos moldes estabelecidos na área de cartões de débito em março, Goldfajn afirmou que a intenção é estudar todo o sistema.
"Começamos no débito porque achamos que o instrumento é menos complexo", disse Goldfajn. Segundo ele, porém, os cartões de crédito também estão no foco. "Gostaríamos de fornecer produtos alternativos, que possam reduzir a parcela que o consumidor vai pagar", disse Ilan. "As mudanças promovidas no débito vão chegar também ao cartão de crédito."
O presidente do BC lembrou ainda, ao abordar a ferramenta de pagamento parcelado sem juros no cartão, que, na prática, o pagamento à vista no Brasil não é equivalente ao pagamento parcelado. "Não é o mesmo custo. Há um custo, e quem paga é o consumidor", pontuou.
Ilan disse, porém, que a ideia é promover mudanças via mercado. "Se o parcelado sem juros for de fato um produto que a sociedade quer manter, que mantenha", disse.
Mais cedo, ele já havia se reunido, também no Senado, com o senador Romero Jucá (MDB-RR), para tratar de assuntos legislativos de interesse do Banco Central.