Economia

BC estuda desincentivar compras parceladas sem juros no cartão de crédito

A proposta, apresentada pelo presidente Roberto Campos Neto, é criar uma tarifa para reduzir o número de parcelas nas compras

Cartão de crédito: governo pretende criar tarifa para desincentivar compras parceladas sem juros (Joe Raedle/Getty Images)

Cartão de crédito: governo pretende criar tarifa para desincentivar compras parceladas sem juros (Joe Raedle/Getty Images)

Antonio Temóteo
Antonio Temóteo

Repórter especial de Macroeconomia

Publicado em 10 de agosto de 2023 às 14h34.

Além de extinguir o rotativo do cartão de crédito, que tem juros de 454% ao ano, o Banco Central (BC) estuda desincentivar as compras parceladas sem juros.

Segundo o presidente da autoridade monetária, Roberto Campos Neto, em média, quem compra no cartão de crédito faz pelo menos 13 parcelas. A ideia debatida é criar uma tarifa para que os clientes paguem quando quiserem fazer um parcelamento maior. A proposta deve ser incluída na Medida Prosivória que criou o Desenrola.

"E a gente cria algum tipo de tarifa para desincentivar o parcelamento sem juros tão longo. Não é proibir o parcelamento sem juros. É simplesmente tentar que ele fique disciplinado para não afetar o consumo. Cartão de crédito responde por 40% do consumo no Brasil”, disse Campos Neto em audiência no Senado.

Na prática, quanto maior o número de parcelas nas compras sem juros, maior o risco de inadimplência. Segundo Campos Neto, o cliente faz a compra parcelada e quem assume o risco da operação é o banco, que faz os repasses para o comércio mesmo que o cliente não pague a fatura.

Impacto no comércio

Quem não paga a fatura ou apenas parte dela cai no rotativo do cartão. E um dos principais motivos para que isso ocorra é o excesso de parcelas. Com isso, os juros cobrados nessa linha chegam a 454% e a taxa de inadimplência, segundo Campos Neto, é de 52%.

O assunto promete uma forte repercussão do setor varejista, já que o cartão de crédito responde por 40% do volume de vendas do setor. Desincentivar as compras parceladas sem juros afetará diretamente o faturamento dos comerciantes.

Acompanhe tudo sobre:JurosBanco Central

Mais de Economia

Senado aprova em 1º turno projeto que tira precatórios do teto do arcabouço fiscal

Moraes mantém decreto do IOF do governo Lula, mas revoga cobrança de operações de risco sacado

É inacreditável que Trump esteja preocupado com a 25 de Março e Pix, diz Rui Costa

Tesouro: mesmo com IOF, governo precisaria de novas receitas para cumprir meta em 2026