Tombini, do BC: os efeitos da redução dos juros só serão sentidos no ano que vem (Marcello Casal Jr/ABr)
Da Redação
Publicado em 29 de setembro de 2011 às 09h48.
São Paulo – Na mesma semana em que o mercado cravou que a meta de inflação não será cumprida em 2011, o Banco Central (BC) admite, pela primeira vez, que o IPCA está próximo do brejo.
O relatório trimestral divulgado nesta quinta-feira eleva de 5,8% para 6,4% a projeção para o IPCA neste ano, muito próximo do teto de 6,5%.
Na terça-feira, uma reportagem de EXAME.com mostrou que a meta de inflação só será cumprida se não ocorrer nenhum imprevisto nos próximos meses. Os cálculos feitos pelo professor da USP e especialista no assunto, Heron do Carmo, levaram em consideração a média do índice oficial de preços dos últimos cinco anos.
Se o Banco Central fracassar – o que não ocorre desde 2003 –, o presidente do órgão, Alexandre Tombini, terá de enviar uma carta para o ministro da Fazenda, Guido Mantega, apontando os motivos do descumprimento da meta estabelecida pelo governo.
É natural que alguns analistas aproveitem esse momento para questionar ainda mais a recente decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de reduzir os juros de 12,5% para 12% ao ano num contexto de preços em alta. Porém, é preciso reconhecer que os efeitos desse afrouxamento monetário só serão sentidos no ano que vem.
É exatamente no cenário para 2012 que o BC continua divergindo do mercado. Enquanto o boletim Focus, que colhe as previsões de cerca de cem instituições e consultorias, aponta inflação de 5,52% – com viés de alta –, a autoridade monetária reduziu sua projeção de 4,8% para 4,7%, se aproximando do centro da meta.
Em resumo: os diretores do Banco Central acham que a queda dos juros faz sentido no atual contexto de crise internacional, pois a inflação já está convergindo para a meta. Os analistas do mercado discordam. Só o tempo dirá quem estava certo.