Economia

BC indica que deve manter ritmo de aperto

Banco Central elevou a taxa básica de juros em 0,5 ponto percentual pela quarta vez seguida, a 9,5 por cento ao ano


	Alexandre Tombini, presidente do Banco Central: elevação da Selic era amplamente esperada pelo mercado
 (Goh Seng Chong/Bloomberg News)

Alexandre Tombini, presidente do Banco Central: elevação da Selic era amplamente esperada pelo mercado (Goh Seng Chong/Bloomberg News)

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2013 às 23h22.

Brasília - O Banco Central elevou a taxa básica de juros em 0,5 ponto percentual pela quarta vez seguida nesta quarta-feira, a 9,5 por cento ao ano, num movimento amplamente esperado pelo mercado, e indicou que deve manter o ritmo de aperto monetário para combater a inflação ainda pressionada.

O BC repetiu o comunicado utilizado nas três reuniões anteriores para justificar sua decisão unânime, o que foi interpretado por analistas do mercado como sinal de que a Selic pode subir para 10 por cento na próxima reunião, em novembro.

"O Comitê avalia que essa decisão contribuirá para colocar a inflação em declínio e assegurar que essa tendência persista no próximo ano", disse o Comitê de Política Monetária (Copom) em comunicado nesta quarta-feira.

Pesquisa da Reuters mostrou na semana passada que 65 de 63 analistas previam alta de 0,50 ponto percentual da Selic agora.

"O BC não está dando nenhum indício de que vai parar com o aperto monetário, e eu achava que ele podia sinalizar no comunicado que poderia parar em breve" afirmou o diretor de Gestão de Recursos da corretora Ativa, Arnaldo Curvello.

"Provavelmente, na próxima reunião teremos uma elevação de 0,50 ponto percentual, mas a dúvida de o que vem depois vai ficar no mercado", disse Curvello, acrescentando que a Selic deverá chegar a 10,25 por cento.

A expectativa de que a Selic possa voltar ao patamar de dois dígitos, algo que não ocorre desde janeiro de 2012, e que este ciclo de aperto possa se estender por mais tempo tem crescido entre os agentes econômicos, já que a inflação ainda está flertando com o teto da meta de inflação.

A pesquisa Focus do BC mostrou no início dessa semana que as Top 5, instituições que mais acertam as estimativas, veem a Selic subindo a 10,5 por cento ao ano até fevereiro de 2014, com uma elevação de 0,5 ponto em novembro, na última reunião do Copom neste ano, e outras duas altas de 0,25 ponto em janeiro e em fevereiro.


Mas, pelo menos até aquele momento, a maior parte do mercado acreditava que a Selic subiria até 9,75 por cento e se manteria neste patamar ao longo de 2014.

"A manutenção do comunicado pela quarta vez consecutiva reforça apostas na manutenção do ritmo atual de elevação da Selic na reunião do Copom de novembro e reforça, também, a probabilidade de que o comitê continue subindo os juros pelo menos ao longo do primeiro trimestre de 2014", afirmou o economista-chefe da INVX Global Partners, Eduardo Velho.

Inflação Elevada

A manutenção do aperto monetário, iniciado em abril e que já elevou a taxa básica de juros em 2,25 pontos percentuais, ocorre num ambiente de inflação ainda pressionada e atividade econômica fraca. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou setembro com alta de 5,86 por cento em 12 meses, no menor patamar desde dezembro passado, mas ainda longe do centro da meta de inflação do governo, de 4,5 por cento, com margem de tolerância de dois pontos percentuais para mais ou menos.

O próprio BC, em seu último Relatório Trimestral de Inflação, previu que a inflação não deve ceder tão cedo, ficando em 5,8 por cento neste ano e 5,7 por cento em 2014. Na ocasião, o diretor de Política Econômica, Carlos Hamilton Araújo, afirmou que ainda havia "bastante trabalho" para combater a inflação.

O presidente do BC, Alexandre Tombini, vem reiterando que o objetivo é trazer a inflação para a meta de 4,5 por cento, mas sem colocar prazos.

A elevação dos juros para combater a inflação tem impacto negativo no crescimento econômico, justamente em um momento em que a economia brasileira ainda patina. Tanto o governo quanto o mercado em geral veem que o Produto Interno Bruto (PIB) do país deve crescer apenas 2,5 por cento neste ano.

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