Economia

BC do Japão descarta alta dos juros, mas alerta para riscos financeiros

Nesta quarta-feira, o Banco do Japão manteve sua política monetária, como esperado, e reduziu as estimativas de inflação

BC do Japão: Relatório do banco central também reduziu suas projeções de inflação (Arquivo/AFP)

BC do Japão: Relatório do banco central também reduziu suas projeções de inflação (Arquivo/AFP)

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Reuters

Publicado em 31 de outubro de 2018 às 10h47.

Última atualização em 31 de outubro de 2018 às 10h48.

Tóquio - O presidente do banco central do Japão descartou nesta quarta-feira uma alta dos juros no curto prazo em meio a riscos das disputas comerciais globais, mas também fez um firme alerta sobre as vulnerabilidades no sistema financeiro devido a anos de política monetária frouxa.

Nesta quarta-feira, o Banco do Japão manteve sua política monetária, como esperado, e reduziu as estimativas de inflação.

Em declarações após a decisão, o presidente Haruhiko Kuroda afirmou que o banco central está pronto para lidar com ameaças ao crescimento do Japão provenientes da intensificação dos atritos comerciais entre China e EUA através de medidas de afrouxamento monetário, incluindo cortes de juros ou aumento das compras de ativos, se necessário.

"É verdade que há riscos de baixa para o cenário e a maioria é provocado por fatores externos. Se esses riscos tiverem um grande impacto sobre a economia do Japão, os preços e os mercados, nós vamos é claro adotar ações de política monetária", disse Kuroda.

Mas o Banco do Japão emitiu um alerta ligeiramente mais forte sobre as vulnerabilidades financeiras em relação a três meses atrás, refletindo as crescentes preocupações de que anos de juros ultrabaixos estejam afetando os lucros dos bancos e possam desencorajá-los de aumentar os empréstimos.

Em outro sinal de que o banco central está mais ciente dos deméritos de sua política, ele anunciou nesta quarta-feira mudanças a suas operações de compra de títulos para reanimar um mercado com liquidez enfraquecida pelo forte envolvimento do banco central.

Entretanto, Kuroda enfatizou que o Banco do Japão não vai elevar os juros para dar um alívio às instituições financeiras.

"Não temos absolutamente nenhum plano de mudar nossa meta de zero por cento para os rendimentos dos títulos de 10 anos", disse ele.

Em sua decisão desta quarta-feira, o banco central manteve a meta para os juros de curto prazo em -0,1 por cento e a meta de rendimento de longo prazo em torno de 0 por cento.

Tensões no mercado persistem

Em um relatório trimestral que avalia as perspectivas econômicas e os riscos do Japão divulgado nesta quarta-feira, o Banco do Japão disse que os juros em patamares baixos por um período prolongado podem pesar sobre os lucros das instituições financeiras e desestabilizar o sistema bancário.

"Embora esses riscos sejam julgados como não significativos neste momento, é necessário prestar muita atenção aos desenvolvimentos futuros", afirmou. No relatório anterior, divulgado em julho, o Banco do Japão disse que esses riscos não estavam se concretizando.

O relatório do banco central também reduziu suas projeções de inflação e prevê que o núcleo da inflação ao consumidor vai atingir 1,5 por cento no ano que se encerra em março de 2021 - bem abaixo de sua meta de 2 por cento.

Apesar de descartar um aumento da taxa de juros, Kuroda disse que o Banco do Japão pode tomar medidas adicionais para aliviar a pressão sobre os mercados. De fato, o banco central anunciou mudanças em suas operações de compra de títulos logo após as declarações do presidente da autoridade monetária.

O Banco do Japão vai reduzir a frequência de suas operações de compra de títulos em novembro e pretende que os títulos do governo sejam negociados no mercado secundário por mais tempo do que atualmente.

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