Sede do Banco Central em Brasília: "um ajuste monetário eficiente vai contribuir para a retomada da economia", disse diretor (REUTERS/Ueslei Marcelino)
Da Redação
Publicado em 3 de dezembro de 2015 às 21h12.
São Paulo - O diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central, Tony Volpon, afirmou nesta quinta-feira que a autoridade monetária deve agir e responder "de forma contundente e tempestiva" para retomar o processo de ancoragem das expectativas de inflação.
Volpon, que votou pela alta da taxa de juros na reunião da semana passada do Comitê de Política Monetária (Copom), reforçou a sinalização da ata do encontro, divulgada nesta manhã, de que a Selic será elevada em breve.
"Um ajuste monetário eficiente vai contribuir para a retomada da economia. Hoje, o controle efetivo da inflação é uma condição necessária para a recuperação do crescimento econômico sustentável", disse Volpon em evento do J.P.Morgan Brazil e cujo discurso foi divulgado pelo BC.
Na ata do Copom, o BC informou que tomará as "medidas necessárias" para controlar a escalada de preços independentemente da política fiscal e do cenário de incertezas.
Na semana passada, o Copom manteve a Selic em 14,25 por cento ao ano, por 6 votos a 2. Os votos dissidentes foram pela alta de 0,5 ponto percentual.
Segundo Volpon, o comportamento da inflação nos últimos meses é preocupante. "A superação do nível de 10 por cento ao ano (pelo IPCA) tem uma carga simbólica que não deveríamos ignorar, potencialmente incentivando um comportamento mais defensivo via indexação por parte dos agentes econômicos", disse.
E acrescentou: "Venho aqui rechaçar, veementemente, qualquer hipótese de perda de eficácia da política monetária e de uma suposta falta de disposição do Banco Central em cumprir sua missão primordial de assegurar a estabilidade do poder de compra da nossa moeda".
Volpon afirmou ainda que os avanços esperados no ajuste fiscal ficaram aquém do esperado, destacando a frustração com as receitas.
Para ele, um ajuste da política fiscal, com cortes de gastos e recomposição da estrutura tributária, seria seguido por uma política monetária "mais acomodatícia", depois de restabelecido o equilíbrio dos preços relativos, inclusive a taxa de câmbio, para garantir sustentação da posição externa.
Boa parte dos analistas já passou a contar que a Selic será elevada na próxima reunião do Copom, em janeiro. No mercado futuro de juros, as apostas indicam que o aumento será de 0,5 ponto percentual.