Economia

BC descarta adotar quarentena para capital externo

Alternativa não está sendo considerada pela autoridade monetária nacional. O Banco Central prefere moderar fluxos internacionais

Importações têm um papel a cumprir para a inflação, na avaliação do presidente do BC (Reprodução/Banco Central)

Importações têm um papel a cumprir para a inflação, na avaliação do presidente do BC (Reprodução/Banco Central)

DR

Da Redação

Publicado em 5 de maio de 2011 às 14h44.

Brasília - O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, afirmou hoje que a adoção de uma quarentena para capital externo não está no radar da autoridade monetária. Ele reiterou, no entanto, a preocupação com os impactos dos volumosos fluxos internacionais de capitais para o Brasil. Por isso, defendeu a política de moderá-los para que eles não estimulem a alta de preços internos e também para que não haja problemas na economia quando houver uma reversão de tendência.

Tombini procurou deixar claro que a política de combate à inflação exercida pela autoridade monetária não é a mesma que busca evitar a indexação da economia doméstica. Além disso, ele comentou que se a economia brasileira hoje fosse menos indexada, a tarefa do Banco Central de enfrentar a alta dos preços seria menos árdua. "Talvez com um pouco menos de indexação fosse mais fácil", disse durante audiência pública no Congresso.

Tombini afirmou que o Brasil possui um arcabouço institucional que vem de longa data e que conta com indexações como de aluguéis e de outros preços. "Espero que não se confunda isso com uma agenda estrutural de médio prazo para reduzir indexação. Já foi feito isso no passado, mas não deve ser confundida com o combate à inflação, ainda que o progresso seja paralelo", enfatizou.

Ao responder a um comentário de um parlamentar que havia apontado uma suposta contradição na ação do BC de aumentar os juros para barrar uma inflação de demanda, Tombini foi direto: "Essa é a visão pessoal dele, não é a do BC. Há múltiplos fatores por trás da elevação da inflação".

Alguns desses fatores são comuns a economias comparadas com o Brasil, conforme o presidente do BC. Ele também salientou que a demanda global aumentou muito o consumo de proteína e que outros fatores como política monetária expansiva usada em alguns países desenvolvidos para dar liquidez a seus mercados, após a crise financeira internacional, vêm mantendo preços acima do que estariam se essa política não tivesse sido adotada.

Importações

As importações têm um papel a cumprir para a inflação, na avaliação do presidente do BC. Ele salientou que a demanda "cresceu bem" no último ano, apresentando expansão de 10,5%, acima do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). "Isso tem impacto em serviços e é por isso que o BC vem adotando políticas de combate à inflação, políticas macroprudenciais e outras políticas, ajudado pelo governo", enumerou.

Questionado a respeito de medidas que o BC poderia tomar para reduzir os prazos de financiamento, Tombini lembrou que algumas delas já foram tomadas com esse objetivo em dezembro do ano passado. "Medidas já foram tomadas e, no futuro, voltaremos a tomar mais se for dimensionado um risco", considerou.

Acompanhe tudo sobre:Banco CentralCâmbioComércio exteriorImportaçõesInflaçãoMercado financeiro

Mais de Economia

Presidente do Banco Central: fim da jornada 6x1 prejudica trabalhador e aumenta informalidade

Ministro do Trabalho defende fim da jornada 6x1 e diz que governo 'tem simpatia' pela proposta

Queda estrutural de juros depende de ‘choques positivos’ na política fiscal, afirma Campos Neto

Redução da jornada de trabalho para 4x3 pode custar R$ 115 bilhões ao ano à indústria, diz estudo