Economia

BC cortará Selic até o meio do ano, diz ex-diretor da instituição

Para Sergio Werlang, existe a possibilidade de o novo ciclo de alívio monetário ser iniciado já no próximo Copom, o 1º sob comando de Roberto Campos Neto

Banco Central: Selic estacionou no patamar de 6,5% há quase um ano (Ueslei Marcelino/Reuters)

Banco Central: Selic estacionou no patamar de 6,5% há quase um ano (Ueslei Marcelino/Reuters)

Ligia Tuon

Ligia Tuon

Publicado em 13 de março de 2019 às 05h59.

Última atualização em 13 de março de 2019 às 05h59.

Diante dos modestos sinais de recuperação da economia e de uma inflação "totalmente sob controle", o ex-diretor de política econômica do Banco Central, Sergio Werlang, tem certeza de que a autoridade cortará juros ainda no primeiro semestre. Para o professor e assessor da presidência da FGV, existe a possibilidade de o novo ciclo de alívio monetário ser iniciado já no próximo Copom, em 20 de março, o primeiro sob comando do novo presidente Roberto Campos Neto.

O comitê não precisa aguardar pelo avanço da Previdência para promover uma redução da taxa básica, segundo o professor. "Não se pode manter a economia parada à espera da aprovação da reforma", disse Werlang, em entrevista por telefone.

No momento, o ex-BC julga que dois cortes de 0,5 ponto percentual são possíveis — e, depois disto, o BC adotaria uma postura de espera a fim de verificar seus efeitos nos preços. No caso de aprovação das novas regras previdenciárias, estaria aberto um espaço para até mais flexibilizações. O IPCA acumula alta de 3,89% em doze meses até fevereiro, enquanto a Selic estacionou no patamar de 6,5% há quase um ano.

Werlang afirma que é clara a evidência de que um estímulo à demanda é necessário. Segundo ele, uma vez que não se pode aumentar o nível do gasto público nem cortar impostos em razão de problemas de natureza fiscal, os instrumentos monetários são os únicos disponíveis para intensificar o incentivo à atividade.

O atual nível da Selic na mínima histórica pode ser estimulativo no longo prazo, mas não o suficiente para o curto. "Ilan [Goldfajn] foi importante, mas podia ter cortado mais e não cortou", diz Werlang. A evidência dos últimos meses é de que a taxa precisa ser cortada, diz ele. "Tem de se avaliar as coisas com cabeça nova".

Previdência

Caso se concretize a moderação adicional da taxa Selic, o Brasil crescerá mais do que no ano passado. Crescimento de "2% é possível, mas tem que cortar logo", diz. Com a aprovação da Previdência, um avanço de 3% do PIB é bastante plausível.

Do ponto de vista da economia de recursos com a reforma, o ex-BC vê a cifra de R$ 800 bi em 10 anos como adequada, e acima de R$ 1 tri, ideal. Na coordenação da reforma, o governo ruma na direção certa, disse ele, apesar de não ter enviado o projeto para reformar as regras de aposentadorias de militares simultaneamente à PEC geral da Previdência.

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