Economia

BC corta pela metade projeção para PIB de 2022 e espera alta de 1%

O Banco Central (BC) manteve suas estimativas de inflação para anos de 2021 a 2023

Bandeira do Brasil no Rio de Janeiro (Cesar Okada/Getty Images)

Bandeira do Brasil no Rio de Janeiro (Cesar Okada/Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 16 de dezembro de 2021 às 09h15.

Última atualização em 16 de dezembro de 2021 às 10h49.

Banco Central (BC) reduziu sua estimativa para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2022, de 2,1% para 1,00%. A nova estimativa consta no Relatório Trimestral de Inflação (RTI) divulgado nesta quinta-feira. "Surpresas negativas em dados recentemente divulgados - que sugerem perda de dinamismo da atividade e reduzem o carregamento estatístico para o ano seguinte -, novas elevações da inflação, parcialmente associadas a choques de oferta, e aumento no risco fiscal pioram os prognósticos para a evolução da atividade econômica no próximo ano", explicou o documento.

Pelo lado da oferta, o BC alterou a estimativa para a expansão da agropecuária de 3,0% para 5,00%. Por outro lado, a revisão para a indústria passou de crescimento de 1,2% para retração de 1,3%. No caso dos serviços, o BC mudou a previsão de alta de 2 5% para 1,3%.

Em relação aos componentes da demanda, o RTI informou alteração de 2,2% para 1,1% na expectativa de crescimento do consumo das famílias e de 2,5% para 2,4% previsão de alta do consumo do governo.

O documento de hoje indica ainda que a projeção de 2022 para a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) - indicador que mede o volume de investimento produtivo na economia - passou de queda de 0,5% para um forte recuo de 3,0%. Todas as estimativas anteriores constavam do RTI divulgado em setembro.

2021

O relatório de dezembro também atualizou as projeções da autoridade monetária para o PIB de 2021. A expectativa para o crescimento da economia este ano passou de alta de 4,7% para avanço de 4,4%.

Entre os componentes do PIB para 2021, o BC alterou a projeção para a agropecuária de crescimento de 2,0% para retração de 0 6%. No caso da indústria, a estimativa de recuperação passou de 4,7% para 4,1% e, para o setor de serviços, de alta de 4,7% para 4,6%.

"O declínio esperado na agropecuária em 2021 resulta, em especial, de estimativas de quedas na produção em culturas com participação elevada no setor - como milho, cana-de-açúcar, café algodão e laranja - decorrentes primordialmente de problemas climáticos, não compensadas inteiramente pela safra recorde de soja", destacou o BC.

Do lado da demanda, o Banco Central alterou a estimativa do consumo das famílias de alta de 3,3% para 3,4% em 2021. No caso do consumo do governo, o porcentual projetado foi de 0,9% para 1 8%. Para FBCF, a expectativa passou de 16,0% para 16,8%.

No último relatório Focus, os economistas consultados semanalmente pelo BC projetaram alta de 4,65% no PIB de 2021 e de 0,50% no PIB de 2022.

Inflação

Banco Central (BC) manteve suas estimativas de inflação para anos de 2021 a 2023 no cenário de referência, que utiliza juros conforme o Relatório de Mercado Focus e câmbio atualizado de acordo com a Paridade do Poder de Compra (PPC).

Segundo o Relatório Trimestral de Inflação (RTI), divulgado nesta quinta-feira, 16, este cenário indica um IPCA de 10,2% para este ano, 4,7% no próximo e 3,2% no seguinte. Essas projeções constaram na ata e no comunicado do último encontro do Comitê de Política Monetária (Copom). No RTI, o BC ainda informou projeção de 2,6% para 2024, de 2,8% no documento de setembro.

A estimativa para 2021 encontra-se muito acima da margem de tolerância da meta (3,75%, com 1,50 ponto porcentual de banda), enquanto, para 2022, se aproxima do teto (5,0%).

Para 2023, a meta é de 3,25%, com margem de 1,5 ponto (taxa de 1 75% a 4,75%). Já para 2024, o objetivo é de 3,0%, com tolerância de 1,5% a 4,5%.

No último relatório Focus, os economistas consultados semanalmente pelo BC projetaram alta de 10,05% no IPCA de 2021, de 5,02% em 2022 e de 3,46% em 2023, além de 3,09% em 2024.

Banco Central também divulgou no Relatório Trimestral de Inflação suas projeções de inflação de curto prazo, que abarcam os meses de dezembro de 2021 a fevereiro de 2022.

A previsão do BC para o IPCA para dezembro é de alta de 0,65%. Já a projeção para janeiro é de aumento de 0,15% e, para fevereiro, de elevação de 0,66%.

No Focus mais recente, divulgado na última segunda-feira, as projeções do mercado financeiro para o IPCA eram de alta de 0 72% em dezembro, 0,54% em janeiro e 0,69% em fevereiro.

Estouro do teto

Banco Central informou que, em seu cenário de referência, a probabilidade de a inflação de 2022 ficar acima do teto da meta, de 5,00%, está em 41% - era 17% no documento divulgado em setembro.

O cálculo tem como base a Selic variando conforme o Relatório de Mercado Focus e o câmbio atualizado com base na Paridade do Poder de Compra. Já a probabilidade de a inflação ficar abaixo do piso da meta em 2022, de 2,00%, é de apenas 2%.

Para este ano, a probabilidade de estouro do teto de 5,25% da meta é de 100%, como na reunião anterior. Portanto, há chance zero, segundo o BC, de estouro do piso de 2,25%.

Em horizontes mais longos, o BC calcula para 2023 a probabilidade de estouro do teto de 4,75% da meta é de 13%. Já a possibilidade de estouro do piso de 1,75% da meta é de 15%.

No caso de 2024, a probabilidade de estouro do teto de 4,50% da meta é de 9%. Já a possibilidade de estouro do piso de 1,50% da meta é de 21%.

Acompanhe tudo sobre:Banco CentralInflaçãoIPCAPIB

Mais de Economia

Manifestantes se reúnem na Avenida Paulista contra escala 6x1

Presidente do Banco Central: fim da jornada 6x1 prejudica trabalhador e aumenta informalidade

Ministro do Trabalho defende fim da jornada 6x1 e diz que governo 'tem simpatia' pela proposta

Queda estrutural de juros depende de ‘choques positivos’ na política fiscal, afirma Campos Neto