Bandeira do Brasil no Rio de Janeiro (Cesar Okada/Getty Images)
Estadão Conteúdo
Publicado em 16 de dezembro de 2021 às 09h15.
Última atualização em 16 de dezembro de 2021 às 10h49.
O Banco Central (BC) reduziu sua estimativa para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2022, de 2,1% para 1,00%. A nova estimativa consta no Relatório Trimestral de Inflação (RTI) divulgado nesta quinta-feira. "Surpresas negativas em dados recentemente divulgados - que sugerem perda de dinamismo da atividade e reduzem o carregamento estatístico para o ano seguinte -, novas elevações da inflação, parcialmente associadas a choques de oferta, e aumento no risco fiscal pioram os prognósticos para a evolução da atividade econômica no próximo ano", explicou o documento.
Pelo lado da oferta, o BC alterou a estimativa para a expansão da agropecuária de 3,0% para 5,00%. Por outro lado, a revisão para a indústria passou de crescimento de 1,2% para retração de 1,3%. No caso dos serviços, o BC mudou a previsão de alta de 2 5% para 1,3%.
Em relação aos componentes da demanda, o RTI informou alteração de 2,2% para 1,1% na expectativa de crescimento do consumo das famílias e de 2,5% para 2,4% previsão de alta do consumo do governo.
O documento de hoje indica ainda que a projeção de 2022 para a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) - indicador que mede o volume de investimento produtivo na economia - passou de queda de 0,5% para um forte recuo de 3,0%. Todas as estimativas anteriores constavam do RTI divulgado em setembro.
2021
O relatório de dezembro também atualizou as projeções da autoridade monetária para o PIB de 2021. A expectativa para o crescimento da economia este ano passou de alta de 4,7% para avanço de 4,4%.
Entre os componentes do PIB para 2021, o BC alterou a projeção para a agropecuária de crescimento de 2,0% para retração de 0 6%. No caso da indústria, a estimativa de recuperação passou de 4,7% para 4,1% e, para o setor de serviços, de alta de 4,7% para 4,6%.
"O declínio esperado na agropecuária em 2021 resulta, em especial, de estimativas de quedas na produção em culturas com participação elevada no setor - como milho, cana-de-açúcar, café algodão e laranja - decorrentes primordialmente de problemas climáticos, não compensadas inteiramente pela safra recorde de soja", destacou o BC.
Do lado da demanda, o Banco Central alterou a estimativa do consumo das famílias de alta de 3,3% para 3,4% em 2021. No caso do consumo do governo, o porcentual projetado foi de 0,9% para 1 8%. Para FBCF, a expectativa passou de 16,0% para 16,8%.
No último relatório Focus, os economistas consultados semanalmente pelo BC projetaram alta de 4,65% no PIB de 2021 e de 0,50% no PIB de 2022.
O Banco Central (BC) manteve suas estimativas de inflação para anos de 2021 a 2023 no cenário de referência, que utiliza juros conforme o Relatório de Mercado Focus e câmbio atualizado de acordo com a Paridade do Poder de Compra (PPC).
Segundo o Relatório Trimestral de Inflação (RTI), divulgado nesta quinta-feira, 16, este cenário indica um IPCA de 10,2% para este ano, 4,7% no próximo e 3,2% no seguinte. Essas projeções constaram na ata e no comunicado do último encontro do Comitê de Política Monetária (Copom). No RTI, o BC ainda informou projeção de 2,6% para 2024, de 2,8% no documento de setembro.
A estimativa para 2021 encontra-se muito acima da margem de tolerância da meta (3,75%, com 1,50 ponto porcentual de banda), enquanto, para 2022, se aproxima do teto (5,0%).
Para 2023, a meta é de 3,25%, com margem de 1,5 ponto (taxa de 1 75% a 4,75%). Já para 2024, o objetivo é de 3,0%, com tolerância de 1,5% a 4,5%.
No último relatório Focus, os economistas consultados semanalmente pelo BC projetaram alta de 10,05% no IPCA de 2021, de 5,02% em 2022 e de 3,46% em 2023, além de 3,09% em 2024.
O Banco Central também divulgou no Relatório Trimestral de Inflação suas projeções de inflação de curto prazo, que abarcam os meses de dezembro de 2021 a fevereiro de 2022.
A previsão do BC para o IPCA para dezembro é de alta de 0,65%. Já a projeção para janeiro é de aumento de 0,15% e, para fevereiro, de elevação de 0,66%.
No Focus mais recente, divulgado na última segunda-feira, as projeções do mercado financeiro para o IPCA eram de alta de 0 72% em dezembro, 0,54% em janeiro e 0,69% em fevereiro.
Estouro do teto
O Banco Central informou que, em seu cenário de referência, a probabilidade de a inflação de 2022 ficar acima do teto da meta, de 5,00%, está em 41% - era 17% no documento divulgado em setembro.
O cálculo tem como base a Selic variando conforme o Relatório de Mercado Focus e o câmbio atualizado com base na Paridade do Poder de Compra. Já a probabilidade de a inflação ficar abaixo do piso da meta em 2022, de 2,00%, é de apenas 2%.
Para este ano, a probabilidade de estouro do teto de 5,25% da meta é de 100%, como na reunião anterior. Portanto, há chance zero, segundo o BC, de estouro do piso de 2,25%.
Em horizontes mais longos, o BC calcula para 2023 a probabilidade de estouro do teto de 4,75% da meta é de 13%. Já a possibilidade de estouro do piso de 1,75% da meta é de 15%.
No caso de 2024, a probabilidade de estouro do teto de 4,50% da meta é de 9%. Já a possibilidade de estouro do piso de 1,50% da meta é de 21%.