Economia

Bares e restaurantes voltam a atrair empregos, público e planos

Setor no Rio de Janeiro apresentou variação positiva de 1.784 contratações no mês de agosto

 (Lucas Landau/Reuters)

(Lucas Landau/Reuters)

AO

Agência O Globo

Publicado em 18 de outubro de 2021 às 08h40.

Última atualização em 18 de outubro de 2021 às 08h41.

Sinais claros de que a pandemia começa a ser controlada levam esperança até para um dos ramos da economia mais duramente atingidos pelas medidas de restrição. No último ano, o negócio de bares e restaurantes chegou a registrar o encerramento de cerca de 2,5 mil estabelecimentos na cidade. Agora, começa a sair do estado crítico. Números sobre a geração de empregos formais mostram que o setor no estado apresentou variação positiva de 1.784 contratações no mês de agosto. Ao mesmo tempo, o avanço da flexibilização promete atrair mais público: em decreto anunciado para hoje, o prefeito Eduardo Paes dispensa a exigência de distanciamento mínimo de 1 metro entre as mesas.

De maio a agosto, restaurantes e similares foram a segunda principal atividade geradora de empregos formais no estado (mais 3.630) e a terceira na capital (mais 1.926). Entre as capitais brasileiras, o Rio lidera com o saldo de vagas de trabalho abertas (3.252) em bares e restaurantes nos últimos 12 meses, seguido por Fortaleza (1.931) e Curitiba (1.433). Também são notícias bem-vindas os anúncios de abertura de novas casas na cidade. A lista de atrações a caminho inclui mais uma filial de bar temático para quem gosta de samba e a chegada à Barra de um boteco badalado da Zona Sul. Só da conhecida cadeia Outback, estão previstas, até novembro, novas unidades no Ilha Plaza Shopping, no Madureira Shopping e no ParkJacarepaguá.

Nesta semana, abre as portas na Praia do Flamengo mais um Bar do Zeca Pagodinho, empreitada do grupo BFW. A casa, que já existe na Barra, ainda vai ganhar uma terceira unidade no novo shopping ParkJacarepaguá, que tem inauguração prevista para novembro. O chef da rede é patrimônio da cozinha de boteco carioca: Antonio Carlos Laffargue, o Toninho, dono do Bar do Momo, na Tijuca.

Toninho lembra que lançou mão no Momo de estratégias para sobreviver, mas, agora, já respira mais aliviado:

— Estamos nos recuperando, pagando contas atrasadas. Com a liberação do uso do espaço público, chegamos agora a 80 % do faturamento que tínhamos antes. A economia segue imprevisível, mas confiamos que o maior número de pessoas vacinadas ajude a alavancar o movimento no final do ano.

O BFW, dono de outras marcas no Rio, como Porquinho e D’Heaven, se prepara para mais expansões. Hoje, o grupo emprega 600 pessoas, mas deve chegar a 1.300 até janeiro de 2022.

— A gente acredita na ciência, dessa forma vamos voltar à normalidade — diz Pedro Henrique Pacheco, diretor-adjunto do Grupo BFW.

Agora com participação da XP, a holding de bares e restaurantes A.Life-Nino também investe pesado. Flávio Sarahyba, representante do grupo no Rio, levou uma filial do Boteco Boa Praça para o Arpoador em maio (no lugar do Astor, vítima da pandemia) e inaugura amanhã outro endereço da casa, agora na Barra da Tijuca.

— Passar por essa crise com bares fechados, amargando prejuízos e sustentando funcionários foi desafiador. A tendência é que cada vez mais grupos profissionalizados ganhem espaço — aposta Sarahyba.

A situação inspira cautela — sanitária e financeira. A sobrevivência ao longo da pandemia cobrou seu custo: 58% dos restaurantes do Rio acumulam dívidas, segundo pesquisa da Associação Nacional de Restaurantes (ANR).

— Mais da metade dos que chegaram abertos aqui ainda tem dívidas e passivos que vão durar de dois a três anos para serem equacionados — afirma Fernando Blower, presidente do SindRio, antes de completar. — Mesmo assim, começamos a ver luz no fim do túnel.

Menus mais exclusivos

No enfrentamento da crise, foi preciso se reinventar. As operações tornaram-se mais enxutas, e muitas já nascem com delivery, isso quando não funcionam 100% nesse sistema. Lugares com área ao ar livre e menus exclusivos ganharam destaque — afinal, tem que valer a pena sair de casa.

Ha um mês, três sócios tarimbados criaram, no Posto 8, em Ipanema, o quiosque De Lamare Gastrobar, que serve de petiscos a PFs caprichados. Pedro de Lamare (que foi da rede Gula Gula), avalia os rumos do setor:

—O aumento da vacinação faz com que as pessoas queiram sair cada vez mais, mas o setor ainda está bastante combalido.

Chef de prestígio, Kátia Barbosa, “mãe” do bolinho de feijoada, foi obrigada a fechar três de suas casas na pandemia. Conseguiu reinaugurar o Kalango em junho, em Botafogo, e, mais recentemente, apostou em novo negócio, a Katita, com duas unidades. Ela diz não ter novos planos, pois considera o quadro ainda muito incerto:

— Aprendemos muito com a pandemia.

Novidade na gastronomia carioca, o peruano QCeviche, no Mercure Rio Boutique Copacabana, deveria ter sido inaugurado em 2020, mas abriu há dois meses e registra bom movimento. Hoje, 28% da clientela é de estrangeiros, e o restaurante busca a licencça para uso da calçada.

— O complicado é fazer orçamento para 2022. A perspectiva era de que 2021 seria o ano da retomada, e não foi — calcula Gabriella Motta, gerente-geral do hotel e do restaurante, onde foram investidos cerca de R$ 20 milhões.

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