Economia

Barcaças de grãos mudam rota nos EUA por efeito da seca

Prolongado efeito da devastadora seca do verão passado nos EUA reverteu o fluxo no poderoso rio Mississippi


	Cultura de milho: embarques ocorrem num período em que os EUA enfrentam a menor oferta de milho em 17 anos até o final do mês devido à seca histórica
 (GettyImages)

Cultura de milho: embarques ocorrem num período em que os EUA enfrentam a menor oferta de milho em 17 anos até o final do mês devido à seca histórica (GettyImages)

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Da Redação

Publicado em 19 de agosto de 2013 às 11h32.

Chicago - O prolongado efeito da devastadora seca do verão passado nos EUA reverteu o fluxo no poderoso rio Mississippi --para o milho, pelo menos--, com barcaças carregadas com grãos iniciando um raro movimento partindo de fazendas do sul para o norte, rumo às usinas de etanol do Meio-Oeste.

Os embarques ocorrem num período em que os EUA enfrentam a menor oferta de milho em 17 anos até o final do mês devido à seca histórica, que reduziu as colheitas e elevou os preços dos grãos para níveis recordes no ano passado.

Os grãos, que normalmente seguem no rio para o sul, para os mercados de exportação, estão rumando para o norte provenientes de Estados como Louisiana e Arkansas, onde os agricultores começam a colheita mais cedo do que os seus colegas no Meio-Oeste.

Normalmente, a maior parte destes grãos seria exportada, mas depois que os preços subiram após a seca, as exportações são previstas para cair à mínima de 41 anos.

Embarcações oceânicas estão invertendo o curso também, com os EUA fazendo importações recordes de países como o Brasil e Canadá, enquanto processadores como a Ingredion e a Pilgrim's Pride buscam milho mais barato.

"O que está realmente mudando aqui é o fluxo de milho", disse Brent Baker, vice-presidente de John Stewart & Associates, uma trading. "Isso não tem precedentes".

A safra de milho 2013 é prevista em recorde de 13,8 bilhões de bushels, 28 por cento maior que no ano passado. Se isso acontecer, a oferta vai subir à máxima de 8 anos, na maior reversão anual em mais de meio século.

A primavera historicamente úmida no hemisfério norte atrasou o plantio em semanas, e o tempo frio e úmido que se seguiu significa que a colheita pode atrasar.


Em vez de seca, este ano os agricultores estão preocupados com uma geada precoce que poderia acabar com suas lavouras --uma nova anomalia que iria atrasar um retorno à normalidade para a economia agrícola.

"Um monte de coisas estranhas acontecem depois de uma seca que teve a gravidade para ser a pior em 80 anos", disse Rodney Weinzierl, diretor-executivo do Illinois Corn Board Marketing.

Cerca de 1.000 barcaças que transportam milho sul recém-colhido provavelmente vão seguir para o norte em meados de setembro, de acordo com Baker. Uma fonte do setor entrevistada pela Reuters confirmou esta estimativa, de que poderá ser cerca de dez vezes acima do fluxo do ano passado.

A procura é intensa já que os usinas de etanol e processadores do Meio-Oeste não esperam que os produtores locais tenham muito mais milho até o início de outubro, semanas mais tarde do que o habitual.

"Tão rápido quanto possível, nós estamos escoando (o milho) para o norte", disse o corretor Ryan McClanahan, da Commodity Specialists Company, empresa que comercializa grãos. "É a coisa mais importante agora." O fluxo reverso em direção ao norte está sendo puxado por lances altos para o milho nos mercados físicos do Meio-Oeste.

A demanda do Mississippi por milho está empurrando os preços a um ponto que o setor de nutrição para aves está migrando para o trigo, que está relativamente mais barato. Os preços do milho dispararam mais do que os preços do trigo fez após a seca do último verão.

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