Economia

Barbosa despreza previsão de inflação acima de 8% no ano

Para o ministro, essa é uma expectativa "de mercado", que pode ser revista


	Nelson Barbosa: "a expectativa de mercado é volátil, não significa que será nesse patamar", diz
 (José Cruz/ABr)

Nelson Barbosa: "a expectativa de mercado é volátil, não significa que será nesse patamar", diz (José Cruz/ABr)

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Da Redação

Publicado em 23 de março de 2015 às 14h38.

Brasília - O ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, minimizou a previsão do mercado de que a inflação poderá superar o patamar dos 8% em 2015. Para Barbosa essa é uma expectativa "de mercado", que pode ser revista.

"O governo trabalha para trazer a inflação para o centro da meta o mais rapidamente possível. O ano está começando tumultuado, com preços flutuando", disse.

"A expectativa de mercado é volátil, não significa que será nesse patamar".

O ministro disse que o aumento é temporário e deve cair rapidamente, uma vez que o próprio mercado já vê uma "pequena redução" para 2016.

Com a alta de 1,24% do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 15 de março, analistas do mercado financeiro elevaram, mais uma vez, a projeção da inflação para o ano, de acordo com o boletim Focus do Banco Central divulgado nesta segunda-feira, 23.

A previsão para 2015 do IPCA passou de 7,93% para 8,12%. Para 2016, a previsão do IPCA no Focus é de 5,61%.

Segundo Barbosa, o governo faz um levantamento com todos os ministérios sobre restos a pagar com o intuito de saldar todos os pagamentos de obras em atraso.

"Pode haver atrasos pontuais, mas vamos pagar todas as obras concluídas e as que estão em dia. A previsão depende de cada ministério", afirmou, reforçando que o governo está pagando todos os seus compromissos em prazo adequado.

O jornal O Estado de S. Paulo mostrou hoje que empresas com obras contratadas pelo governo, mesmo dentro do Programa de Aceleração do Crescimento, estão em atraso ou quase paradas pela falta de previsão de pagamentos.

Em vários casos, as empreiteiras começam a demitir funcionários.

Ao contrário de outros anos, em que era possível apelar para empréstimos bancários, desta vez, por causa da crise desencadeada pela Operação Lava Jato - que pegou diretamente parte das maiores empreiteiras do País - os bancos estão mais reticentes.

De acordo com Barbosa, cada ministério recebeu um limite financeiro e a previsão dependerá de cada um.

"O pagamento poderá ser feito por ordem cronológica, por importância estratégica, vai depender de cada ministério. Mas é possível ir saudando todos os compromissos dentro desse limite", afirmou.

O ministro participou, na manhã desta segunda-feira, de reunião da coordenação política da presidente Dilma Rousseff no Palácio do Planalto.

Disse que o governo quer apresentar o decreto de reprogramação orçamentária "o mais rápido possível".

Que cancelou uma viagem prevista para a Coreia para se dedicar à elaboração do congelamento de despesas do Poder Executivo.

Mas não quis falar qual seria a previsão do governo para o corte. Entre os lideres do Congresso fala-se em valor variando de R$ 60 bilhões a R$ 80 bilhões.

"Neste momento não vou falar de números", limitou-se a dizer Barbosa.

Já a ministra da Agricultura, Kátia Abreu, disse que o corte de gastos "não será cego".

Segundo ela, os ministros encaminharão as prioridades de cada pasta a Dilma, que as analisará. "Os programas prioritários vão ser preservados", disse Kátia.

A edição do decreto que cortará gastos do governo só é possível após a aprovação do Orçamento pelo Congresso, o que ocorreu na semana passada.

Barbosa citou prazos que devem ser seguidos para isso, entre eles 15 dias para a sanção presidencial da peça orçamentária e, a partir daí, 30 dias para a publicação da reprogramação orçamentária.

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