Economia

Barbosa quer estimular economia sem elevar subsídios

A estratégia econômica agora, neste momento de crise, é garantir normalidade, ganhar confiança para arrumar a casa sem espaço para "aventuras de crédito


	Nelson Barbosa: a estratégia econômica agora, neste momento de crise, é garantir normalidade, ganhar confiança para arrumar a casa sem espaço para "aventuras de crédito"
 (Bruno Domingos/Reuters)

Nelson Barbosa: a estratégia econômica agora, neste momento de crise, é garantir normalidade, ganhar confiança para arrumar a casa sem espaço para "aventuras de crédito" (Bruno Domingos/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 13 de janeiro de 2016 às 14h16.

Brasília - O ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, tem discutido medidas de estímulo ao crédito por meio dos bancos públicos, mas descarta fazê-las com o aumento dos subsídios, asseguraram fontes do governo.

As taxas dos empréstimos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil (crédito agrícola) e dos financiamentos com recursos do FGTS já são mais baratas do que as oferecidas pelos bancos privados, mas a Fazenda não pretende apoiar linhas de crédito com subsídios adicionais que precisem de recursos do Tesouro Nacional.

Um recado nessa direção foi dado em nota divulgada pelo ministro após encontro com o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Moan.

Mesmo depois de o presidente da entidade afirmar que o programa de renovação de frota proposto pelo setor e em discussão com o governo contava, entre outras possibilidades, com recursos públicos, Barbosa rejeitou na nota qualquer tipo de projeto que implique em dispêndio com subsídios ou equalizações de taxas de juros pelo Tesouro Nacional.

No primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff, a oferta de crédito pelos bancos públicos com generosas taxas de juros bancadas pela injeção de subsídios do Tesouro foram responsáveis pelo rombo das contas do governo e o aumento da dívida pública.

A estratégia econômica agora, neste momento de crise, é garantir normalidade, ganhar confiança para arrumar a casa sem espaço para "aventuras de crédito". "Não tem um Houdini", disse uma fonte do governo em referência ao ilusionista mais famoso do mundo.

Mas, com a desconfiança do mercado financeiro que persiste em relação à política econômica que será adotada pelo ministro, a sua tarefa é mostrar com "ação e menos discurso". Barbosa não quer fazer anúncios de pacotes de medidas econômicas.

O reforço no crédito será dado com os recursos que foram repassados pelo Tesouro para os bancos públicos como pagamento das chamadas "pedaladas fiscais" - dívidas que foram represadas no primeiro mandato e quitadas por determinação do Tribunal de Contas da União.

O foco principal das linhas de crédito é o setor da construção civil, obras de infraestrutura (com o que foi acertado com FGTS e Caixa) e agronegócio (via Banco do Brasil). Garantir recursos para a terceira fase do programa Minha Casa Minha Vida é prioridade.

Os setores automobilístico, exportador e de micro e pequenas empresas também negociam linhas de financiamento para dar oxigênio novo à economia ao longo do ano.

A equipe do Ministério da Fazenda não vê incoerência na adoção de medidas de crédito no momento em que o Banco Central dá sinais de que vai continuar com o processo de alta da Selic na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) da próxima semana, o que deve encarecer os empréstimos.

Na reunião do Fórum Econômico de Davos do fim deste mês na Suíça, o discurso do ministro, ainda em elaboração, será o de mostrar que a economia brasileira está funcionando, tem capacidade de reagir à crise e que o ano de 2016 não está perdido para o Brasil. 

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