Economia

Banqueiros jovens revelam planos para consertar o mundo

Sem abandonar as carreiras, nova onda de banqueiros jovens está criando ONGs para ajudar órfãos, imigrantes, veteranos e estudantes


	Wall Street: banqueiros querem consertar o mundo com o poder dos dividendos, da diligência prévia, da alavancagem e da alocação eficiente de recursos
 (REUTERS/Brendan McDermid)

Wall Street: banqueiros querem consertar o mundo com o poder dos dividendos, da diligência prévia, da alavancagem e da alocação eficiente de recursos (REUTERS/Brendan McDermid)

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Da Redação

Publicado em 5 de fevereiro de 2014 às 22h52.

Nova York - Os fundadores do Resolution Project não ficam falando sobre generosidade ou caridade quando descrevem por que sua organização sem fins de lucro orienta e financia líderes jovens. Eles preferem a linguagem das finanças.

“Recebemos um bom rendimento”, disse Andrew Harris, 31, vice-presidente do grupo, que assessora empresas de private-equity na Forum Capital Partners em Nova York. “Achamos que é muito diferente e, para usar um termo de Wall Street, muito diferenciado”.

Sem abandonar as carreiras, uma nova onda de banqueiros jovens está criando organizações sem fins de lucro para ajudar órfãos, imigrantes, veteranos e estudantes. Eles dizem que querem consertar o mundo usando a sabedoria do capitalismo, não por causa das suas limitações, e pregam o poder dos dividendos, da diligência prévia, da alavancagem e da alocação eficiente de recursos. Alguns consideram que estão estabelecendo um novo modelo para a filantropia de Wall Street pós-crise por não querer doar seu dinheiro ou sair para fazer trabalho de caridade em tempo integral.

“Nesta geração – a nossa geração – há uma grande paixão e interesse em aprender, ganhar e devolver simultaneamente”, disse Andrew Klaber, 32, analista do hedge fund Paulson Co., cuja organização sem fins de lucro Even Ground proporciona educação e cuidados para crianças africanas com AIDS. “Você simplesmente vê uma necessidade não atendida na sua pesquisa, e pesquisa é o que fazemos em Wall Street”.

As lições do mercado de capital não são suas únicas inspirações. Alguns disseram que ficaram chocados com a crise financeira de 2008, mesmo sem ver os banqueiros como vilões.

Falhas do sistema

“Há uma humildade cultural que surgiu da crise financeira”, disse Tim Kleiman, 30, analista da gestora de ativos Golub Capital, com sede em Nova York. Ele está trabalhando em um projeto para financiar o ensino superior na África que poderia visar lucros. “Quando você está diante de situações realmente humilhantes, onde você vê a crise desses sistemas e o triste custo humano – que não necessariamente foram o resultado da intenção de alguém – isso fortalece meu modo de ver as coisas”.


Vários fundadores, incluindo alguns dos banqueiros jovens, alertaram que o trabalho exige mais do que paixão e coragem. Nancy Lublin, que fundou a Dress for Success, que dá terninhos para mulheres desempregadas irem a entrevistas de emprego, disse que ela adverte os aspirantes a filantropos mesmo admirando a vontade deles.

“Eu nunca administrei um hedge fund e eles nunca administraram uma organização sem fins de lucro”, disse Lublin, 42, atual CEO da Do Something, organização que realiza campanhas nacionais sobre bullying, meio ambiente e outras causas para engajar adolescentes. “Eu escovo os dentes todos os dias, duas vezes por dia, mas isso não significa que eu possa fazer um tratamento de canal em alguém”.

Há limites para o que o vocabulário e a metodologia bancária podem fazer pelas organizações sem fins de lucro, conforme Andrew Hahn, que dirige o Centro Sillerman para o Avanço da Filantropia da Universidade Brandeis.

“Muitas vezes dá certo, e eu chamo isso de resultado mágico, mas às vezes não dá”, disse Hahn, e diz que os indicadores usados em Wall Street para a gestão de riscos podem ser mais difíceis de encontrar na filantropia. “Às vezes, as pessoas de Wall Street levam sua cultura à área das organizações sem fins de lucro e têm demasiadas expectativas”.

‘Fazendo o bem’

Joseph Weilgus, 36, que fundou a Project Sunshine em 1998 para divertir crianças hospitalizadas, não questiona os motivos que impulsionam os novos filantropos de Wall Street.

“Afinal de contas, se eles estiverem fazendo o bem, isso é ótimo”, disse Weilgus, CEO da consultoria de investimentos New Legacy Group LLC. “Você não tem por que questionar as intenções das pessoas se elas estiverem fazendo o bem”.

“A perfeição é a aspiração”, disse Klaber da Even Ground. “Eu apenas tento fazer o melhor que eu posso”.

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