Oferta de crédito pessoal, em uma rua de São Paulo: crescimento menor em 2011 (ROBERTO SETTON/EXAME)
Da Redação
Publicado em 4 de maio de 2011 às 15h48.
São Paulo* - Uma pesquisa feita pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban) mostra que as ações do Banco Central para esfriar a economia estão surtindo efeito nas projeções para o crescimento da oferta de crédito em 2011 (ver tabela abaixo).
Além das medidas macroprudenciais anunciadas no último trimestre do ano passado, a autoridade monetária já aplicou três doses de alta de juros neste ano.
Em novembro, antes das restrições, os banqueiros apostavam em um avanço de 18,5% nas operações de crédito da carteira total, que inclui todas as modalidades. Em dezembro, o índice recuou para 17,8%, subindo para 18% em fevereiro e diminuindo para 17,4% em março. Agora, no levantamento de maio, a previsão caiu para 16,7%.
A pesquisa mostra que 58% dos bancos acham que as medidas de política monetária moderaram o ritmo de crescimento do crédito, mas ele permanece acima do pretendido pelo Banco Central.
"As medidas do Banco Central estão surtindo efeito. Há um quadro de crescimento menor do crédito, mas ainda positivo", diz o economista-chefe da Febraban, Rubens Sardenberg. "Creio que a gente chegou perto do piso. A minha expectativa é de que as próximas pesquisas repitam esse patamar, se não houver mudanças significativas no cenário externo e doméstico."
O levantamento da entidade mostra que as menores expansões acontecerão nas modalidades de crédito voltadas para as pessoas físicas (15,8%) e para a aquisição de veículos (15,4%). Por outro lado, a estimativa para o crédito direcionado, que inclui o BNDES, tem o maior número: 18,3%.
O ponto positivo é a expectativa estável em torno da inadimplência (4,5%) nas últimas três pesquisas. "Houve aumento nos atrasos de 15 a 90 dias em março, mas com forte influência sazonal", salienta Sardenberg, que considera que o cenário ainda positivo da economia brasileira diminui as chances de crescimento da inadimplência, apesar de a alta da inflação corroer parte da renda dos trabalhadores.
Veja a evolução das previsões dos bancos para 2011 nas cinco últimas pesquisas:
Previsão do crédito em 2011 | Pesquisa de novembro | Pesquisa de dezembro | Pesquisa de fevereiro | Pesquisa de março | Pesquisa de maio (atual) |
---|---|---|---|---|---|
Carteira Total | 18,5% | 17,8% | 18,0% | 17,4% | 16,7% |
Direcionado | 19,9% | 18,7% | 19,1% | 18,9% | 18,3% |
Livres | 18,1% | 17,1% | 17,3% | 16,6% | 15,8% |
Pessoas Físicas (total) | 17,6% | 16,7% | 17,0% | 16,5% | 15,8% |
Crédito Pessoal (inclui consignado) | 19,4% | 19,6% | 18,3% | 18,3% | 17,3% |
Aquisição de veículos (inclui leasing) | 17,5% | 16,9% | 17,0% | 16,2% | 15,4% |
Pessoas Jurídicas (total) | 18,8% | 17,6% | 17,9% | 16,6% | 15,8% |
Inadimplência (acima de 90 dias) | 4,6% | 4,6% | 4,5% | 4,5% | 4,5% |
A pesquisa da Febraban, feita com as 32 maiores instituições financeiras no Brasil, mostra que as ações fiscais do governo dividem opiniões. Para 46% dos entrevistados, ainda existem sérias dúvidas ao cumprimento da meta de superávit primário, enquanto 38% dizem que as ações fiscais estão surpreendendo e serão essenciais para a condução da política monetária.
Com relação aos principais indicadores macroeconômicos, houve forte piora no cenário de inflação. Nem mesmo no ano que vem, a projeção para o IPCA fica no centro da meta de 4,5% (ver tabela abaixo). Para os juros básicos, a expectativa dos banqueiros é de mais duas altas de 0,25 ponto percentual nas próximas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom).
As instituições trabalham com dólar abaixo de R$ 1,65 neste ano. "Os resultados da balança comercial estão surpreendendo positivamente por causa dos preços favoráveis dos produtos exportados pelo Brasil", diz Sardenberg.
As reservas internacionais do Brasil continuarão crescendo e o investimento estrangeiro direto deve financiar dois terços do déficit em transações correntes.
Veja as projeções atualizadas dos bancos para 2011 e 2012:
Indicadores/Brasil | 2011 | 2012 |
---|---|---|
PIB Total | 4,1% | 4,2% |
PIB Agropecuário | 4,0% | 4,3% |
PIB Industrial | 4,0% | 4,1% |
PIB Serviços | 4,2% | 4,1% |
Produção Industrial | 4,0% | 4,5% |
IPCA | 6,3% | 5,1% |
IGP-M | 6,9% | 5,2% |
Meta Taxa Selic - fim de período | 12,50% | 12,00% |
Câmbio - fim de período (R$/US$) | 1,62 | 1,69 |
Balança comercial (US$ bilhões) | 18,2 | 11,0 |
Transações correntes (US$ bi) | -60,9 | -69,7 |
Investimento Estrangeiro Direto (US$ bi) | 45,7 | 44,9 |
Reservas Internacionais (US$ bi) | 334,4 | 349,6 |
Risco Brasil - EMBI (pontos) | 173,9 | 158,6 |
Resultado Primário (% do PIB) | 2,8 | 2,7 |
Dívida Líquida do Setor Público | 39,2 | 37,7 |
A pesquisa da Febraban, divulgada nesta quarta-feira (4), foi realizada entre os dias 28 de abril e 3 de maio.
* Matéria ampliada às 15h31