Economia

Bancos divergem sobre economia que virá com reforma da Previdência

Há desde estimativas que apontam para uma economia de R$ 400 bilhões até de R$ 990 bilhões

Itaú: banco projeta economia de R$ 670 bilhões a R$ 990 bilhões com a reforma da Previdência (Itaú/Divulgação)

Itaú: banco projeta economia de R$ 670 bilhões a R$ 990 bilhões com a reforma da Previdência (Itaú/Divulgação)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 3 de maio de 2019 às 13h42.

Última atualização em 3 de maio de 2019 às 13h43.

São Paulo — A incerteza política tem dificultado as projeções feitas por bancos e consultorias sobre a economia que será gerada pela reforma da Previdência nos próximos dez anos. Há desde estimativas que apontam para uma economia de R$ 400 bilhões - o que seria equivalente a apenas 32% do R$ 1,2 trilhão esperado pelo governo - até de R$ 990 bilhões (80%). Mesmo dentro das instituições financeiras, o intervalo de aposta é grande, dada a dificuldade de se prever o que acabará ficando de fora do texto final.

O Itaú Unibanco, por exemplo, projeta economia de R$ 670 bilhões a R$ 990 bilhões. A aprovação da proposta no plenário da Câmara dos Deputados é esperada pelo banco para agosto. "A margem é grande por causa da incerteza", diz o economista da instituição Pedro Schneider.

Para Fabio Klein, economista da Tendências, há um empecilho extra, além da dificuldade de se prever o que sobrará do texto após a tramitação no Congresso: as projeções para vários indicadores econômicos, nos próximos dez anos.

A Tendências é uma das poucas a definir um número exato de economia esperada: R$ 640 bilhões. O viés, porém, é negativo. "Quando a proposta foi apresentada, o viés era positivo, o texto era mais forte do que o proposto pelo governo Temer. Mas a coisa mudou rapidamente", diz ele. "Nem uma semana depois da apresentação, o presidente Jair Bolsonaro já falou que poderia reduzir a idade mínima para mulheres se aposentarem."

Centrão

Na quarta-feira, em ato pelo Dia do Trabalho em São Paulo, o presidente licenciado da Força Sindical, deputado Paulo Pereira da Silva (SD), disse que busca articular com o Centrão uma desidratação da reforma previdenciária para impedir a reeleição de Bolsonaro. Segundo ele, uma reforma com economia de R$ 800 bilhões favoreceria Bolsonaro ao garantir recursos para serem investidos nos próximos três anos. Paulinho da Força defendeu uma reforma de, no máximo, R$ 600 bilhões.

Um resultado como esse, no entanto, seria perigoso para o Brasil, segundo economistas. Para Tony Volpon, economista-chefe do UBS no Brasil, uma economia inferior a R$ 600 bilhões poderia significar uma trajetória explosiva na dívida brasileira. "O governo já está esperando alguma desidratação, mas estamos sustentando que, no final, teremos uma reforma robusta", diz.

Positiva

O economista Lucas Vilela, do Credit Suisse, também aposta em uma economia significativa, de R$ 750 bilhões. "Ainda que perca força, uma reforma dessa teria economia maior do que a que estava em negociação no fim do governo Temer", afirma. O primeiro texto apresentado pelo ex-presidente previa que o governo pouparia R$ 851 bilhões, em dez anos. Com as modificações que foram sendo acrescentadas, o valor no fim do ano passado era de R$ 553 bilhões.

O levantamento feito pelo jornal O Estado de S. Paulo com 13 bancos e consultorias mostra que apenas dois deles (Itaú e Bradesco) acreditam na possibilidade de aprovação de uma reforma como a que Paulinho da Força pretende impedir. Por outro lado, quatro casas consultadas - os bancos Citi, MUFG e BNP Paribas, além da consultoria política Eurasia - têm um número inferior aos R$ 600 bilhões citados pelo político.

Ainda de acordo com o levantamento feito pela reportagem, a MB Associados é a única a apostar na possibilidade de a reforma passar pelos deputados ainda neste primeiro semestre.

Apesar de não conseguir precisar as modificações que deverão aparecer na proposta aprovada pelo Congresso, a maioria dos bancos e consultorias concorda que a idade mínima, a aposentadoria rural e o Benefício de Prestação Continuada (BPC) - pago a idosos pobres - sofrerão mudanças importantes, reduzindo a economia.

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