Economia

Bancos de Wall Street preveem cortes históricos nas taxas de juros da China em 2025

Reduções de até 40 pontos-base buscam estimular a economia e conter deflação

Banco Popular da China enfrenta o desafio de equilibrar cortes de juros com estabilidade econômica. (Leandro Fonseca/Exame)

Banco Popular da China enfrenta o desafio de equilibrar cortes de juros com estabilidade econômica. (Leandro Fonseca/Exame)

Fernando Olivieri
Fernando Olivieri

Redator na Exame

Publicado em 6 de dezembro de 2024 às 06h41.

A China deve realizar os maiores cortes nas taxas de juros em uma década em 2025, segundo projeções de bancos de Wall Street como Goldman Sachs e Morgan Stanley. Os analistas esperam uma redução de 40 pontos-base na principal taxa de política monetária do Banco Popular da China (PBOC), levando a taxa de recompra reversa de sete dias para 1,1%. Caso confirmada, esta seria a maior redução anual desde 2015.

De acordo com a Bloomberg, a mediana da última pesquisa da Bloomberg aponta para um corte mais modesto, de 30 pontos-base. No entanto, os analistas ressaltam que o espaço para cortes maiores é limitado, especialmente devido às preocupações com margens de juros já comprimidas nos bancos e à baixa demanda por crédito, que refletem o enfraquecimento da economia chinesa.

Desafios para a política monetária

Apesar da necessidade de estímulos, o PBOC enfrenta restrições significativas. Reduzir as taxas de juros pode aumentar o risco de fuga de capitais, especialmente se a diferença entre as taxas chinesas e de outras economias, como a dos EUA, aumentar. No entanto, esse risco diminui com o ciclo de corte de juros do Federal Reserve, que iniciou uma política de flexibilização monetária em setembro e deve continuar em 2025.

“A China enfrenta um risco maior de deflação e o PBOC precisa reagir”, afirmou Larry Hu, chefe de economia da China no Macquarie Group Ltd. Segundo ele, as reduções previstas poderiam ajudar a compensar o impacto de tarifas mais altas impostas pelos EUA, que devem reduzir o crescimento chinês em 0,5 ponto percentual no próximo ano.

Medidas para impulsionar a demanda interna

Além dos cortes nas taxas, outras políticas para incentivar a demanda doméstica são esperadas. Em setembro, o PBOC já mostrou disposição para adotar medidas mais agressivas, reduzindo a taxa de recompra reversa em 20 pontos-base, rompendo o padrão de reduções de 10 pontos-base prevalente desde 2022.

Analistas também destacam que o custo do crédito na China continua alto, o que pressiona a lucratividade das empresas. Serena Zhou, economista da Mizuho Securities Asia Ltd., prevê cortes ainda mais profundos, de 60 pontos-base, tanto na taxa de política monetária quanto na taxa de empréstimo prime (loan prime rate). “As taxas de crédito estão desproporcionalmente altas, superando o crescimento nominal do PIB por cinco trimestres consecutivos”, ressaltou Zhou.

Impactos econômicos e cenário para 2025

Os cortes previstos para 2025 têm como objetivo conter os efeitos da desaceleração econômica e das tensões comerciais com os EUA, que devem impor novas tarifas. A combinação de taxas de juros mais baixas e políticas de incentivo pode ajudar a estabilizar o crescimento econômico da China, mesmo em um cenário de deflação persistente e demanda global enfraquecida.

Especialistas alertam, contudo, que a política monetária sozinha pode não ser suficiente para revitalizar a economia. Soluções fiscais complementares, como estímulos ao consumo e investimentos em infraestrutura, devem ser cruciais para o sucesso das medidas econômicas em 2025.

Acompanhe tudo sobre:wall-streetChinaJurosEconomiaGoldman SachsMorgan Stanley

Mais de Economia

Reforma tributária: videocast debate os efeitos da regulamentação para o agronegócio

Análise: O pacote fiscal passou. Mas ficou o mal-estar

Amazon, Huawei, Samsung: quais são as 10 empresas que mais investem em política industrial no mundo?

Economia de baixa altitude: China lidera com inovação