Economia

Bancos centrais vendem ouro pela primeira vez em uma década

Bancos Centrais da Turquia e do Uzbequistão venderam 22,3 toneladas e 34,9 toneladas de ouro, respectivamente, no terceiro trimestre

Ouro: preços recordes do metal ajudam países produtores durante a crise do coronavírus (AFP/AFP)

Ouro: preços recordes do metal ajudam países produtores durante a crise do coronavírus (AFP/AFP)

FS

Fabiane Stefano

Publicado em 29 de outubro de 2020 às 13h10.

Última atualização em 29 de outubro de 2020 às 18h18.

Bancos centrais se tornaram vendedores de ouro pela primeira vez desde 2010, pois alguns países produtores aproveitaram os preços quase recordes para amenizar o impacto da pandemia de coronavírus.

As vendas líquidas totalizaram 12,1 toneladas de ouro no terceiro trimestre em comparação com as compras de 141,9 toneladas no ano anterior, de acordo com relatório do Conselho Mundial do Ouro (WGC, na sigla em inglês). As vendas foram impulsionadas pelo Uzbequistão e pela Turquia, enquanto o banco central da Rússia divulgou a primeira venda trimestral em 13 anos, disse o conselho.

Embora as entradas em fundos de índice tenham impulsionado o ouro em 2020, as compras realizadas por bancos centrais têm sustentado o metal precioso nos últimos anos. O Citigroup disse no mês passado que a demanda de bancos centrais pode voltar a subir em 2021, após ter desacelerado neste ano em relação a compras quase recordes em 2018 e 2019.

“Não é surpreendente que, nas atuais circunstâncias, os bancos possam recorrer às suas reservas de ouro”, disse Louise Street, analista-chefe do WGC. “Praticamente todas as vendas são feitas por bancos que compram de fontes domésticas, aproveitando o alto preço do ouro em um momento em que estão sobrecarregados fiscalmente.”

No terceiro trimestre, os bancos centrais da Turquia e do Uzbequistão venderam 22,3 toneladas e 34,9 toneladas de ouro, respectivamente, disse o WGC. O Uzbequistão tem diversificado as reservas internacionais além do ouro enquanto reverte décadas de isolamento.

O ouro subiu para nível recorde em agosto, acima de US$ 2.075 a onça, antes de cair para cerca de US$ 1.900 nas últimas semanas. A demanda geral por ouro encolheu 19% no último trimestre em relação ao ano anterior, para o menor nível desde 2009, disse o WGC, em grande parte devido à contínua desaceleração das compras de joias. A demanda por joias na Índia caiu pela metade, enquanto na China a procura também é menor.

A queda das compras de joias foi parcialmente compensada pelo salto de 21% na demanda de investidores, de acordo com o WGC, que coleta dados do Fundo Monetário Internacional e Metals Focus. Barras de ouro e moedas responderam pela maior parte do aumento, à medida que os fluxos para fundos de índice diminuíram em relação aos trimestres anteriores.

A oferta total de ouro diminuiu 3% na comparação anual em meio à produção limitada nas minas, mesmo depois que restrições devido à Covid-19 foram suspensas em produtores como África do Sul.

Acompanhe tudo sobre:Banco CentralOuro

Mais de Economia

Governo anuncia bloqueio orçamentário de R$ 6 bilhões para cumprir meta fiscal

Black Friday: é melhor comprar pessoalmente ou online?

Taxa de desemprego recua em 7 estados no terceiro trimestre, diz IBGE

China e Brasil: Destaques da cooperação econômica que transformam mercados