BB: o Banco do Brasil e Banco Votorantim puseram recentemente em marcha a Promotiva, promotora cujo consignado é o carro-chefe (Pilar Olivares/REUTERS)
Da Redação
Publicado em 14 de julho de 2016 às 10h15.
São Paulo - Os bancos brasileiros estão intensificando a atuação no crédito consignado, por meio de promotoras e correspondentes bancários, e o setor está enviando ao governo propostas que poderiam dinamizar um mercado ainda subexplorado no país.
Mesmo com tropeços localizados em regiões como os Estados do Rio de Janeiro e Roraima, cujos atrasos de salários do funcionalismo têm afetado diretamente essas operações, os bancos ainda veem o consignado como o melhor caminho para evitar uma retração ainda maior de suas carteiras totais de empréstimo e ao mesmo tempo controlar a escalada de seus índices de inadimplência.
Banco do Brasil e Banco Votorantim puseram recentemente em marcha a Promotiva, promotora cujo consignado é o carro-chefe e que tem gerado cerca de 500 milhões de reais por mês em novos financiamentos.
O Banco Pan, cuja atuação no consignado é concentrada em promotoras e em correspondentes bancários, acelerou em junho a geração de novos empréstimos com desconto em folha de pagamento da média de 800 milhões para 900 milhões de reais por mês, disse à Reuters uma fonte a par do assunto.
Em outra frente, o BB e Bradesco estão em fase de testes de um piloto para vender consignado por meio do Ibi, sob o guarda-chuva da Elopar, no qual dividem o controle.
O índice de inadimplência com mais de 90 dias no segmento de consignado era de 2,3 por cento em maio, enquanto o índice médio do sistema bancário para crédito com recursos livres foi de 5,9 por cento.
Em maio o consignado respondia por cerca de 37 por cento do estoque de 800 bilhões de reais de crédito ao consumo do sistema, segundo o BC.
Diante disso, os bancos têm buscado caminhos para ampliar o serviço. Um avanço nesse sentido veio nesta semana com a aprovação pela Câmara dos Deputados e pelo Senado do projeto que permite a trabalhadores do setor privado oferecerem como garantia do empréstimo consignado em folha parte dos recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e da multa rescisória.
Novas propostas
Em paralelo, outra iniciativa está em andamento. Na semana que vem, o setor enviará ao Banco Central um conjunto de propostas de mudanças que, segundo os apoiadores do projeto, permitiria explorar melhor as potencialidades do consignado.
De maneira geral, a ideia é criar mecanismos que permitam uso em larga escala do produto também para trabalhadores do setor privado.
Segundo dados do BC, em maio 93,5 por cento do estoque de 282 bilhões de reais do crédito consignado estava distribuída entre funcionários públicos e aposentados.
Entre os pleitos do conjunto de propostas, está o de que o BC reduza exigências de alocação de capital para operações no setor. Outras dependem de aprovação legislativa.
"Isso pode aumentar a oferta de crédito ao consumo de 20 a 25 por cento nos próximos cinco anos e criar cerca de 50 mil empregos no país", disse à Reuters uma outra fonte diretamente a par do assunto e que pediu para não ser identificada.