Economia

Seguindo onda de cortes, Safra reduz projeção para PIB de 2020 por vírus

De acordo com ao bando, uma queda de 0,5 ponto porcentual no crescimento chinês deve reduzir em 0,2 p.p. o PIB brasileiro no ano

Indústria na Alemanha: "Com as cadeias de produção interligadas, o risco de desabastecimento de insumos pode prejudicar a produção industrial", diz o banco (Tom Werner/Getty Images)

Indústria na Alemanha: "Com as cadeias de produção interligadas, o risco de desabastecimento de insumos pode prejudicar a produção industrial", diz o banco (Tom Werner/Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 1 de março de 2020 às 11h23.

Última atualização em 1 de março de 2020 às 16h41.

O Banco Safra reduziu a projeção para Produto Interno Bruto (PIB) de 2020 de 2,10% para 1,90%, em virtude do menor crescimento esperado para a China em meio ao surto de coronavírus. Para o PIB chinês, a revisão foi de 6,0% para 5,5%, com a estimativa de que deve haver uma forte contração no primeiro trimestre que não deve ser totalmente recuperada à frente.

De acordo com as estimativas do banco, uma queda de 0,5 ponto porcentual no crescimento chinês deve reduzir em 0,2 ponto o PIB do Brasil, o que explica toda a revisão para a expansão da economia doméstica.

"Em um mundo com as cadeias de produção cada vez mais interligadas, o risco de desabastecimento de insumos em alguns setores pode prejudicar a já combalida produção industrial, embora parte desse efeito possa ser revertido ao longo do ano", diz, em relatório, destacando também que a China é o maior destino das exportações brasileiras.

A revisão do PIB também gerou redução da projeção para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2020 e 2021, já que o fechamento do hiato do produto deve demorar mais.

Para este ano, a estimativa para o IPCA caiu de 3,60% para 3,50%, bastante aquém do centro da meta de 4,0%. Quanto a 2021, a alteração foi de 3,80% para 3,70%. O centro da meta para o ano que vem é de 3,75%.

Em relação à política monetária, contudo, a aposta fica inalterada, com a manutenção da taxa Selic em 4,25% até o segundo semestre de 2021. O banco reconhece que o efeito do surto tende a ser desinflacionário, apesar da depreciação cambial, mas nota que o Banco Central tem enfatizado o peso crescente da inflação de 2021.

Então, afirma que o BC só deve retomar o ciclo de queda dos juros se as projeções para o ano que vem começarem a se afastar do centro da meta.

Onda de cortes

Vem ganhando força uma onda de cortes das previsões de crescimento da economia brasileira em 2020.

Só na semana passada, os bancos Citibank, BNP Paribas e MUFG Brasil revisaram para baixo as suas estimativas, se somando a um grupo que já contava com UBS, JP Morgan e Santander.

O Barclays é mais uma instituição a reduzir as perspectivas para o crescimento brasileiro este ano por causa dos prejuízos à economia da China com o surto de coronavírus. O banco cortou a projeção para o Produto Interno Bruto (PIB), de 2,1% para 2,0%, considerando agora queda de exportações no ano, de 0,30%, ante estabilidade.

O economista para Brasil do Barclays, Roberto Secemski, nota que a China é destino de 28% dos embarques brasileiros, com peso especial na exportação de soja, petróleo e minério de ferro.

A tendência também apareceu no último Boletim Focus, pesquisa semanal realizada pelo Banco Central para medir as expectativas do mercado, onde a projeção para o PIB este ano foi de 2,23% para 2,20%.

As revisões ameaçam repetir um fenômeno que vem desde 2017. As projeções começam o ano apontando um crescimento de 2% e depois são cortadas sucessivamente até chegar ao patamar de 1%.

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