Economia

Banco Mundial rejeita "economia do gotejamento"

"Estabilizar-nos no crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) é simplista", ressaltou Kim em discurso no centro de estudos Institute for Peace de Washington


	Jim Yong Kim: "Apoiamos esforços para nos certificar de que todo mundo se beneficie do crescimento, não só aqueles que já controlam ou têm acesso ao capital",
 (Saul Loeb/AFP)

Jim Yong Kim: "Apoiamos esforços para nos certificar de que todo mundo se beneficie do crescimento, não só aqueles que já controlam ou têm acesso ao capital", (Saul Loeb/AFP)

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Da Redação

Publicado em 1 de outubro de 2015 às 15h37.

Washington - O presidente do Banco Mundial (BM), Jim Yong Kim, exigiu nesta quinta-feira uma arrecadação de impostos mais igualitária que evite a evasão por parte dos ricos e apostou em um crescimento inclusivo frente à noção de "economia de gotejamento", que segundo sua opinião, só contribui para reforçar a desigualdade.

"Estabilizar-nos no crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) é simplista", ressaltou Kim em discurso no centro de estudos Institute for Peace de Washington, uma semana antes da assembleia anual conjunta da entidade e do Fundo Monetário Internacional (FMI) que acontecerá em Lima.

"Apoiamos esforços para nos certificar de que todo mundo se beneficie do crescimento, não só aqueles que já controlam ou têm acesso ao capital", acrescentou.

Além disso, o presidente do BM expressou sua rejeição à "noção de economia de gotejamento, que assume que qualquer crescimento indiferenciado se espalha e alimenta o terreno, e todos os demais começam a florescer, incluindo os pobres".

Este modelo foi defendido por alguns economistas como fonte fundamental de crescimento, ao argumentar que é preciso diminuir a pressão fiscal sobre as rendas mais altas, já que são as geradoras de riqueza.

Neste sentido, o presidente do BM citou um estudo da ONG Intermon Oxfam que revelou que as 85 pessoas mais ricas do mundo controlam tanta riqueza quanto os 50% menos ricos, ou mais de 3,5 bilhões de pessoas.

A maior instituição de desenvolvimento do mundo assumiu, desde a chegada de Kim à presidência, em 2012, o objetivo de promover a "prosperidade compartilhada" e acabar com a pobreza extrema até 2015.

Um dos elementos-chave para alcançar estas metas é um aumento da arrecadação de impostos e através de um sistema "mais justo".

"Em muitos países, os ricos evitam pagar sua parte. Algumas empresas usam estratégias elaboradas para não pagar impostos onde operam, uma forma de corrupção que prejudica os mais pobres", disse Kim, médico de formação.

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