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Banco Mundial reduz previsão de crescimento global a 2,3% em 2025

O aumento das tarifas americanas está afetando o crescimento da economia global e da América Latina

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Agência de notícias

Publicado em 10 de junho de 2025 às 11h49.

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O aumento das tarifas americanas está afetando o crescimento da economia global e da América Latina, que crescerão 2,3% este ano, menos do que o previsto em janeiro, anunciou o Banco Mundial nesta terça-feira (10).

Globalmente, isso representa 0,4 ponto percentual (pp) a menos do que o previsto em janeiro, e na América Latina e no Caribe, 0,2 pp a menos, acrescenta a organização financeira em seu relatório sobre as perspectivas econômicas mundiais.

Em 2026, o crescimento na América Latina se estabilizará em 2,5%.

"Há apenas seis meses, um pouso suave (controle da inflação sem recessão, nota do editor) parecia à vista" para a economia global, mas "agora ela parece estar caminhando para uma nova turbulência", alertou o economista-chefe do Banco Mundial, Indermit Gill, citado em um comunicado.

"Se a trajetória não for corrigida, as consequências para os padrões de vida poderão ser profundas", acrescentou.

Mais baixo desde os anos 1960

O motivo: os efeitos dos aumentos de tarifas alfandegárias do presidente americano Donald Trump e da guerra comercial entre Washington e Pequim, que podem levar a uma desaceleração do comércio global.

Embora o Banco Mundial descarte o risco de recessão neste ano, acredita que, "se as previsões para os próximos dois anos se concretizarem", a economia global experimentará seu crescimento médio mais fraco desde a década de 1960 na década de 2020.

Na América Latina, a demanda interna se mantém, mas as exportações enfraquecerão "em meio ao crescente protecionismo comercial e à incerteza política", afirma o relatório.

O aumento das barreiras comerciais impacta "indiretamente" toda a região, juntamente com a queda esperada nos preços das matérias-primas.

Na América Latina, o país mais afetado é o México, a segunda maior economia da região, que deve crescer 0,2% este ano (-1,3 pp) e 1,5% em 2026.

Washington impôs tarifas de 25% sobre importações não cobertas pelo Tratado de Livre Comércio da América do Norte (T-MEC), que também inclui os Estados Unidos e o Canadá.

"Isso enfraqueceu as exportações do México" e gerou incerteza em um país que enviou 80% de suas mercadorias exportadas para os Estados Unidos em 2024, "das quais aproximadamente metade não fazia parte do T-MEC", afirma o Banco Mundial.

Além disso, a instituição espera que as altas taxas de juros derrubem a demanda interna no México.

Também afetarão o Brasil, cuja previsão de crescimento aumentou 0,2 ponto percentual para 2,4% em 2025, muito menor que a previsão de 3,4% para 2024.

Nesse caso, deve-se ao menor consumo e ao crescimento muito mais fraco do investimento.

Controlar a inflação

Após dois anos de recessão, a previsão de crescimento econômico da Argentina se destaca: 5,5% neste ano (+0,5 pp) e 4,5% no próximo.

O Banco Mundial acredita que a recuperação da Argentina será impulsionada principalmente pelos setores de agricultura, energia e mineração e será apoiada pela "estabilização macroeconômica, pela eliminação dos controles cambiais e por novas reformas favoráveis aos negócios, que devem melhorar a confiança de consumidores e investidores".

Por país, a previsão de crescimento para este ano é de 2,5% na Colômbia, no Chile: 2,1%, no Peru: 2,9%, na Bolívia: 1,2%, na Costa Rica: 3,5%, na República Dominicana: 4%, Equador: 1,9%, El Salvador: 2,2%, Guatemala: 3,5%, Honduras: 2,8%, Nicarágua: 3,4%, Panamá: 3,5%, Paraguai: 3,7% e Uruguai: 2,3%.

Com a inflação prevista para permanecer próxima ao teto das metas do Banco Central em vários países, particularmente no Brasil e na Colômbia, o Banco Mundial vê pouca margem para reduzir as taxas de juros.

Taxas elevadas desestimulam o consumo e o investimento e, portanto, pressionam os preços.

O desafio regional é "manter a inflação relativamente controlada", alerta o Banco Mundial.

As previsões estão expostas a diversos riscos, como uma queda no crescimento nos Estados Unidos, com um possível efeito dominó sobre outras economias, ou na China, um parceiro comercial fundamental para muitos países sul-americanos.

Há também um comprometimento das remessas enviadas por migrantes, principalmente a alguns países da América Central e do Caribe, onde "representam aproximadamente 20% do PIB".

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