Economia

Banco Mundial prevê expansão de 0,5% para Brasil em 2014

País precisa construir políticas que estimulem o investimento e acabem com os gargalos que restringem a atividade econômica, afirmou o economista-chefe do BM


	Brasil: país aparece entre os países de pior performance na região
 (Getty Images)

Brasil: país aparece entre os países de pior performance na região (Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 7 de outubro de 2014 às 17h53.

Washington - Brasil, Argentina e Venezuela são os países que estão puxando para baixo os índices de crescimento da América Latina, afirma relatório do Banco Mundial sobre a região divulgado hoje em Washington.

A previsão da entidade é de que o Brasil tenha expansão de 0,5% neste ano, abaixo da mediana de 2,7% de 31 nações latino-americanas.

Para reverter a tendência de baixa expansão, o país precisa construir políticas que estimulem o investimento e acabem com os gargalos que restringem a atividade econômica, afirmou o economista-chefe do Banco Mundial para América Latina e Caribe, Augusto de la Torre.

"Muito da história de crescimento do Brasil esteve ligado ao consumo. Isso não foi ruim, porque o consumo foi parte da história do crescimento da classe média e da redução da pobreza. Mas, no longo prazo, a economia não cresce com base no consumo, mas com base no investimento e na produtividade", declarou Torre.

Segundo ele, o país foi um dos que mais conseguiram reduzir a desigualdade na última década. O desafio agora é criar as condições para que esse processo se mantenha no futuro.

Dos 31 países analisados, 16 devem ter em 2014 crescimento acima da mediana de 2,7%.

Nesse grupo estão Panamá, Bolívia, Colômbia, Paraguai, República Dominicana, Nicarágua, Guiana, Equador e Suriname, que terão expansão superior a 4%, de acordo com o Banco Mundial.

O Brasil aparece em seguida, entre os países de pior performance na região. Depois vêm Venezuela, Argentina e Barbados, que devem registrar contração do PIB.

Na avaliação de Torres, o baixo ritmo da expansão latino-americana coloca em risco a manutenção das conquistas sociais da última década, quando o crescimento foi estimulado pelo alto preço das commodities e pelas baixas taxas de juros em todo o mundo.

De 2002 a 2012, a região conseguiu reduzir a pobreza extrema pela metade e duplicar o tamanho de sua classe média.

Quando for retomado, o ritmo de crescimento dos latino-americanos deve ser inferior ao registrado no passado recente, a menos que haja reformas "vigorosas" para aumento da produtividade, afirmou Torre.

O grande desafio para todos os países será manter o processo de redução da desigualdade em um cenário de expansão menos acelerada.

Segundo o economista, a geração de emprego - mais que o crescimento dos salários - foi o principal fator que gerou a queda da desigualdade. Para que isso se mantenha no longo prazo, é necessária uma expansão do PIB.

"O Brasil está em meio a um debate fundamental sobre como reconstruir o crescimento", ponderou Torre.

Além de políticas que "entusiasmem os investidores", ele defendeu a modernização da infraestrutura, o fortalecimento da educação e da inovação e reformas microeconômicas que aumentem a produtividade.

"É uma agenda supercomplicada."

Acompanhe tudo sobre:Banco MundialCrescimento econômicoDesenvolvimento econômicoeconomia-brasileira

Mais de Economia

Governo propõe ao Congresso mudança em estatais que pode abrir espaço no limite de gastos

Governo propõe ao Congresso mudança em estatais que pode abrir espaço no limite de gastos

Lula afirmou que tem compromisso com equilíbrio fiscal, diz presidente da Febraban após reunião

“Queremos garantir que o arcabouço tenha vida longa”, diz Haddad, sobre agenda de revisão de gastos