Economia

Banco Mundial aumenta PIB do Brasil em 2021, mas reduz para 2022

Estimativas estão mais otimistas do que a média do mercado, como mostra o último relatório Focus

Bandeira do Brasil no Rio de Janeiro (Cesar Okada/Getty Images)

Bandeira do Brasil no Rio de Janeiro (Cesar Okada/Getty Images)

AO

Agência O Globo

Publicado em 6 de outubro de 2021 às 13h56.

Última atualização em 6 de outubro de 2021 às 14h06.

O Banco Mundial aumentou sua projeção de crescimento para o Brasil em 2021, mas revisou para baixo o PIB esperado para o próximo ano. Os novos números constam no relatório semestral da instituição divulgado nesta quarta-feira.

Para este ano, a expectativa é de crescimento de 5,3%. No relatório anterior, divulgado em junho, o cálculo era uma alta de 4,5%. Já para o próximo ano, o Banco Mundial passou a prever crescimento de 1,7%, contra 2,5% no documento anterior.

Ambos os números estão abaixo da média para a América Latina e Caribe calculada pela instituição. Segundo o relatório, a região deve crescer 6,3% em 2021 e 2,8% em 2022.

O documento aponta que a região está em um ritmo de recuperação mais lento do que o imaginado e ressalta que a Covid-19 trouxe marcas na economia e na sociedade “que levarão anos para cicatrizarem”.

“Nunca foi tão premente a necessidade de recuperar um crescimento dinâmico, inclusivo e sustentável para enfrentar as consequências da pandemia e buscar soluções para carências sociais históricas. Ao mesmo tempo, apesar do surgimento de alguns “brotos verdes”, que ampliam as perspectivas de crescimento econômico, nunca foi tão urgente enfrentar desafios há muito ignorados, que impedem o progresso da região”, aponta o relatório.

O Banco Mundial lista cinco desafios principais para as economias da região. O primeiro é a recorrência do vírus. Caso as contaminações voltem a subir, levará ao declínio da atividade econômica. O segundo é a redução da liquidez global para conter a inflação, que aumenta as taxas de juros e afeta a demanda.

Em terceiro, o nível alto de dívida do setor privado que já levou, segundo o Banco Mundial, à inadimplência de muitas empresas, o que pode frear os investimentos.

“O fato de os sistemas bancários estarem tolerando atrasos no pagamento de dívidas pode reduzir a transparência no setor financeiro, dificultando a identificação do real volume de empréstimos inadimplentes no sistema”, diz o relatório.

Os déficits orçamentários crescentes por causa dos gastos com a pandemia e o aumento da dívida pública também limitam a capacidade dos governos de participar dos investimentos para retomar a economia.

Década perdida

O relatório aponta também que a Covid-19 somou-se uma “década perdida” de baixo crescimento na região e que é preciso solucionar problemas para as “deficiências históricas” da região na infraestrutura, educação, política energética, capacidade empresarial e inovação.

Um fator que auxiliaria no crescimento da região seriam os “brotos verdes”, como a aceleração no processo de digitalização, que pode impulsionar inovação no setor de tecnologia da informação, finanças e logística.

“No entanto, a menos que esses fatores estruturais sejam tratados, o crescimento provavelmente continuará anêmico e será insuficiente para que a região avance no combate à pobreza e possa aliviar suas tensões sociais”, apontou.

Acima do mercado

Os números do Banco Mundial estão um pouco acima dos projetados pelo mercado no último relatório Focus, divulgado pelo Banco Central (BC) no início da semana. Para 2021 e 2022, os agentes de mercado esperam alta de 5,04% e 1,57%, respectivamente.

No caso das expectativas do próprio BC, a projeção está um pouco abaixo para 2022, mas acima para este ano. O Banco Central espera
crescimento de 4,7% em 2021 e 2,1% no próximo ano.

Os números do Banco Mundial só não estão melhores do que os do Ministério da Economia, que projeta alta de 5,3% no PIB este ano e 2,5% no próximo.

Todas essas projeções estão acima do que alguns bancos e consultorias esperam para 2022. O Itaú e o MB Associados, por exemplo, já estimam crescimento abaixo de 1% por conta das pressões em ano eleitoral, da crise hídrica e dos juros mais altos no próximo ano.

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