São Paulo - A última edição dos Indicadores do Desenvolvimento Mundial (WDI), lançada pelo Banco Mundial nesta semana, traz uma mudança importante.
A instituição não vai mais separar os países entre "desenvolvidos" (de renda alta) e "em desenvolvimento" (de renda baixa ou média). O gerente de dados Neil Fantom afirma que a distinção ficou "menos relevante".
Um dos motivos é que a pobreza absoluta caiu acentuadamente nas últimas décadas. Só entre 1999 e 2011, último ano para o qual há dados disponíveis, ela foi de 30% para 14,4% da população mundial.
Hoje, os países se distribuem no que parece mais um contínuo do que duas bolhas estanques. Essa convergência é ainda mais clara em relação a índices como mortalidade infantil e taxas de fertilidade, que melhoraram de forma acentuada (veja neste gif).
"É justo dizer que o mundo mudou tanto que os termos 'desenvolvido' e 'em desenvolvimento' têm sobrevivido para além do uso para o qual foram criados", já dizia a carta anual da fundação de Bill e Melinda Gates em 2014.
Em novembro do ano passado, Tariq Khokhar e Umar Serajuddin, dois cientistas de dados do Banco Mundial, escreveram sobre o tema em um blog oficial.
O problema, segundo eles, é que colocar dezenas de países extremamente diferentes sob um rótulo único às vezes mais atrapalha do que ajuda:
"Agrupar países de renda baixa e média como 'mundo em desenvolvimento' coloca países como o Malawi (PIB per capita de US$ 250) no mesmo grupo do México (PIB per capita de US$ 9.860). É uma diferença de quase 40 vezes dentro do mesmo grupo".
Curiosamente, a Organização das Nações Unidas utiliza os termos várias vezes nos documentos das Metas do Milênio mesmo sem ter uma definição oficial para eles.
Já o FMI diz que leva em conta renda per capita, diversificação das exportações e integração no sistema financeiro global na sua divisão, mas destaca:
"A classificação não se baseia em nenhum critério estrito, econômico ou de outra natureza, e evoluiu ao longo do tempo".
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1. Potencial
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1/7 (Dimas Ardian/Bloomberg)
São Paulo - Prever onde a
classe média vai florescer em seguida é uma tarefa difícil, mas importante tanto para formuladores de política pública quanto para empresas. E foi isso que a consultoria Euromonitor fez, identificando os países com maior potencial nos próximos 15 anos baseado no crescimento do número de domicílios de classe média e no aumento da renda disponível. O Brasil ficou de fora do quinteto que conta com 4 representantes asiáticos e um africano (a Nigéria), todos com populações grandes e forte potencial de crescimento. De acordo com um relatório recente do Boston Consulting Group, a região Ásia-Pacífico (excluindo Japão) já ultrapassou a Europa e deve superar a América do Norte
como região mais rica do mundo até 2019. Veja a seguir quais são os 5 países emergentes com maior potencial de classe média até 2030 de acordo com o relatório da Euromonitor assinado pela analista An Hodgson:
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2. China
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2/7 (Tomohiro Ohsumi/Bloomberg/Bloomberg)
Com toda a conversa sobre desaceleração do crescimento e instabilidade dos mercados, é fácil esquecer que a
China passou pelo maior processo de urbanização e inclusão da história da humanidade e se tornou um
ator central na economia global. O desafio atual é justamente fazer a transição de uma economia baseada em investimento para uma mais focada em serviços e consumo, o que deve significar mais dinheiro no bolso dos chineses - que já formam a maior classe média do mundo. A Euromonitor estima que no período entre 2015 e 2030, a renda mediana disponível cresça 89% em termos reais e alcance US$ 19.709 anuais por domicílio.
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3. Índia
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3/7 (Namas Bhojani/Bloomberg News)
A projeção da Euromonitor é que o número de domicílios de classe média na
Índia passe dos atuais 74 milhões para 90 milhões em 2030. Ainda assim, será
menos do que a China tem hoje com população parecida - ou seja, o que não falta é espaço para crescer. A Economist Intelligence Unit prevê que até 2050, a Índia terá crescimento médio de 5% ao ano e será
catapultada do 10º para o 3º lugar entre as maiores economias do mundo. E o Brasil pode sair ganhando com isso: “Praticamente toda a renda incremental obtida pelos indianos deve ir para ingerir mais calorias (o que significa demanda por nossos alimentos) ou criar mais infraestrutura (demanda por nosso minério de ferro)”, diz Marcos Troyjo, co-diretor do BRICLab da Universidade de Columbia em Nova York.
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4. Indonésia
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4/7 (Getty Images)
Em 2050, o PIB da
Indonésia será
maior que o do Brasil e do Japão, segundo a Economist Intelligence Unit, e o país será alçado da 16ª para a 4ª posição entre as maiores economias do mundo. A Indonésia já tem a 4ª maior classe média do mundo (17,3 milhões de domicílios), depois de Estados Unidos (25,3 milhões), Índia (74 milhões) e China (112 milhões). A previsão da Euromonitor é que 20 milhões de novos domicílios indonésios se juntem a este grupo até 2030 e que sua renda mediana anual pule dos atuais US$ 6.300 para US$ 11.300.
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5. Nigéria
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5/7 (George Osodi/Bloomberg)
A
Nigéria só costuma ganhar destaque da mídia por causa do terrorismo, então é fácil de esquecer que o país já tem a
maior economia, população e mercado consumidor de todo o continente africano. A Euromonitor espera que entre 2015 e 2030, o número de domicílios de classe média passe de 10 milhões para 15 milhões, o segundo crescimento mais rápido do mundo, atrás só da Guatemala. "A classe média da Nigéria vai aumentar seu gasto principalmente em comunicação, o que reflete a cena vibrante de telecom no país", diz a consultoria.
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6. Filipinas
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6/7 (Veejay Villafranca / Stringer)
Crescimento econômico estável e uma melhor distribuição de renda colocam na lista as
Filipinas, país asiático de história turbulenta com quase 100 milhões de habitantes. A previsão da Euromonitor é que entre 2015 e 2030, o número de domícilios de classe média cresça 41% e que a renda mediana disponível cresça 70% - dos US$ 6.710 atuais para US$ 11.429. As prioridades de gasto dessa renda adicional pelos filipinos devem ser lazer e recreação, serviços médicos e mais educação.
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7/7 (Reuters)