São Paulo - O pessimismo com a economia brasileira já está contaminando as perspectivas para o ano que vem.
O banco de investimento francês Natixis lançou recentemente um relatório com previsão de queda do PIB brasileiro de 4,7% em 2016 e 3,2% em 2017.
"Não vemos nenhum sinal positivo no país. O sofrimento fiscal é uma ameaça séria para a economia. O déficit nominal alcançou 9,3% do PIB em novembro. Ainda assim, parece improvável que o governo faça progresso significativo em questões fiscais já que a presidente Rousseff está ocupada se defendendo do impeachment", diz o texto.
Nenhum outro agente do mercado está tão pessimista. O BNP Paribas, geralmente um dos primeiros a cortar previsões, espera queda de 4% em 2016 e algo próximo de estagnação em 2017 - o que causaria encolhimento acumulado de 8% na economia.
"Amamos virar consenso, mas odiamos ser consenso. Nossa previsão de crescimento foi cortada muitas vezes no ano passado na medida em que trabalhávamos para ficar alguns passos na frente da multidão", diz a nota assinada por Marcelo Carvalho, economista-chefe para a América Latina.
A última vez que o Brasil enfrentou dois anos seguidos de recessão foi no período 1930-1931, auge da crise global depois do crash de 1929. Naquela época, o PIB acumulado caiu 5%. Não há registro de três anos seguidos de recessão.
O último Boletim Focus, relatório semanal com a média das previsões de economistas e instituições financeiras, projeta queda do PIB de 3,21% em 2016 com alta de 0,6% em 2017.
Há apenas um mês, estes números eram de -2,99% e 0,86%, respectivamente.
O último relatório do FMI (Fundo Monetário Internacional) espera queda de 3,5% do PIB este ano e também já não prevê retomada do crescimento em 2017.
O fim da esperança de retomada em 2017 foi um dos elementos citados pelo Banco Central como justificativa para não subir os juros na última reunião.
De acordo com o Natixis, "rebalancear a economia não será fácil. O castelo de cartas político vai persistir e a crise econômica é uma bomba relógio para a Presidente Rousseff. O único raio de esperança é a mudança política. Muitos ajustes necessários mas impopulares precisam ser feitos para consolidar o crescimento no longo prazo".
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1. Vulneráveis
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1/19 (Getty Images)
São Paulo - Quais são as economias mais vulneráveis no cenário global atual? É esta pergunta que o último relatório "Macro Health Check" do banco
HSBC tenta responder. "Os futuristas passam muito tempo apurando projeções centrais, mas muitas vezes, ao focarem no cenário mais provável de
crescimento, perdem a trilha das vulnerabilidades que estão se acumulando", diz o economista James Pomeroy, que assina o relatório. A lista é liderada pelo Brasil, que vive uma tempestade perfeita de recessão, inflação alta e instabilidade política. Rússia e
Canadá, muito expostos à queda do preço do petróleo, vem a seguir. "O paralelo mais impressionante entre muitos países da lista é a exposição aos mercados de
commodities. Elas respondem por mais de 50% das exportações no Brasil, Rússia, Colômbia e Chile - e todos estes países estão vendo os efeitos disso em sua economia mais ampla". Malásia, Indonésia, Noruega e Suécia são alguns dos países que já começam a preocupar, enquanto Filipinas e Japão saíram do radar. Veja a seguir quais são as 17 economias que mais preocupam o HSBC, em ordem da mais problemática para a menos:
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2. Brasil
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2/19 (Reprodução)
Pontos de preocupação: crescimento, finanças do governo, desequilíbrios externos, fuga de capital e commodities "Apesar de já estar em recessão, não há nada em nossos dados sugerindo que uma melhora esteja próxima. A inflação está elevada, forçando o Banco Central a aumentar juros. O déficit em conta corrente permanece apesar de alguma melhora e o balanço do orçamento está piorando. A incerteza política feriu a confiança dos negócios, mas com algum fortalecimento do governo haverá mais capacidade de aprovar as medidas de ajuste fiscal", diz o relatório.
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3. Rússia
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3/19 (Thinkstock)
Pontos de preocupação: crescimento, finanças do governo, desequilíbrios externos, fuga de capital e commodities "A intensificação da queda do petróleo ampliou a desgraça da Rússia. Os dados de atividade tem sido muito fracos e a inflação ainda está alta. As reservas internacionais continuam sendo empobrecidas e a posição fiscal segue enfraquecendo", diz o relatório.
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4. Canadá
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4/19 (Jani_Autio/Thinkstock)
Pontos de preocupação: crescimento, finanças do governo, desequilíbrios externos, bolhas e commodities "Os problemas do Canadá não foram contidos. O déficit em conta corrente aumentou e as empresas ainda estão fracas diante do preço baixo do petróleo. A alta no preço de moradia não é alarmante, mas a dívida do setor privado é elevada e está crescendo", diz o relatório.
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5. Chile
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5/19 (Javier/Flickr/Creative Commons)
Pontos de preocupação: crescimento, finanças do governo, desequilíbrios externos, fuga de capital e commodities "Como um grande exportador de metais, o Chile está exposto de forma significativa a uma queda de preços. O equilíbrio do orçamento se deteriorou em um déficit e a inflação está acima da tendência, o que deixa pouco espaço para relaxamento monetário", diz o relatório.
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6. Colômbia
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6/19 (Paul Smith/Bloomberg)
Pontos de preocupação: crescimento, finanças do governo, desequilíbrios externos, fuga de capital e commodities "A queda no preço das commodities explica muito da deterioração dos dois déficits da Colômbia - fiscal e de conta corrente - nos últimos 6 meses. O crescimento ainda é forte e o mercado de trabalho apertado, apesar da inflação permanecer baixa. Isso nos deixa cautelosos sobre a sustentabilidade dessa situação", diz o relatório.
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7. Indonésia
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7/19 (Ume momo/Wikimedia Commons)
Pontos de preocupação: crescimento, desequilíbrios externos, fuga de capital e commodities Assim como na Malásia, "a fraqueza das commodities atrapalhou, as reservas internacionais estão sendo esgotadas e os balanços de conta corrente estão em déficit ou caíram substancialmente", diz o relatório.
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8. Malásia
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8/19 (REUTERS/Samsul Said)
Pontos de preocupação: crescimento, finanças do governo, desequilíbrios externos, fuga de capital e commodities Assim como a Indonésia, a Malásia, "por estar perto da China tanto geograficamente quanto comercialmente, teve o clima afetado pelo enfraquecimento dos dados chineses. A moeda se enfraqueceu e o custo de empréstimo subiu, colocando a sustentabilidade do setor corporativo em risco", diz o relatório.
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9. Arábia Saudita
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9/19 (Getty Images)
Pontos de preocupação: crescimento, finanças do governo, desequilíbrios externos e commodities "A queda no preço do petróleo significa que esperamos uma deterioração dos balanços fiscais e das contas externas, e o ajuste significará crescimento mais lento nos próximos anos", diz o relatório.
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10. África do Sul
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10/19 (Divulgação / TripAdvisor)
Pontos de preocupação: crescimento, finanças do governo, desequilíbrios externos, fuga de capital e commodities "Nossas preocupaçãos com a África do Sul não se dissiparam. A economia se contraiu no segundo trimestre, ainda há preocupação sobre as futuras receitas do governo e os dados de alta frequência têm sido extremamente fracos. A conta corrente pode estar mostrando sinais de melhora, mas isso não é suficiente", diz o relatório.
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11. Turquia
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11/19 (Thinkstock/silverjohn)
Pontos de preocupação: crescimento, finanças do governo e fuga de capital "Apesar dos números de crescimento ainda não terem azedado, o cenário macro não melhorou. Apesar de ter sido favorecida por preços baixos do petróleo no passado, esse benefício ainda não apareceu dessa vez. Com uma perspectiva política incerta, ainda há vários riscos para a Turquia", diz o relatório.
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12. Argentina
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12/19 (Getty Images)
Pontos de preocupação: crescimento, finanças do governo e fuga de capital "Desequilíbrios são abundantes e a estratégia de normalização gradual adotada pela atual administração ainda não corrigiu isso. Por enquanto, não há sinais de que a economia esteja em uma trajetória de crescimento sustentável", diz o relatório.
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13. Hong Kong
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13/19 (Diliff/Wikimedia Commons)
Ponto de preocupação: bolhas "Os altos níveis de endividamento, preços de moradia explodindo e inflação baixa continuam a ser preocupações para Hong Kong. As ligações fortes de comércio com uma China enfraquecida são outro risco", diz o relatório.
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14. Suécia
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14/19 (Edward Stojakovic/Flickr/Creative Commons)
Ponto de preocupação: bolhas Assim como a Noruega, a Suécia tem alto nível de endividamento das famílias, preços de moradia em alta e um banco central que já cortou os juros para baixas recordes, o que a deixa vulnerável à instabilidade financeira. "A inflação continua muito baixa, indicando taxas negativas e mais estímulos no futuro, e os sinais de crescimento podem não ser sustentáveis", diz o relatório.
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15. Noruega
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15/19 (Vidar Flak/Flickr/Creative Commons)
Ponto de preocupação: crescimento, bolhas e commodities Assim como a Suécia, a Noruega tem famílias endividadas e juros em baixa recorde, o que a deixa vulnerável à instabilidade financeira. "O cenário de crescimento na Noruega está prejudicado pelo preço mais baixo do petróleo apesar de não haver temores em relação às finanças do governo e a conta corrente", diz o relatório.
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16. Hungria
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16/19 (Hannah Gleghorn/Stock.xchng)
Pontos de preocupação: crescimento e fuga de capital "A taxa de crescimento da Hungria nos últimos dois anos está muito mais alta do que na história recente, conduzida em grande parte por um boom de consumo enquanto a inflação está negativa. Dado o superávit em conta corrente, nossas preocupações são limitadas", diz o relatório.
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17. Nova Zelândia
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17/19 (Getty Images)
Pontos de preocupação: bolhas e commodities "Da mesma forma que na Suécia, a inflação baixa demais disparou mais relaxamento do Banco Central. Os preços de ativos subiram de forma aguda e a queda recente nos preços do leite e na demanda chinesa apresentam riscos. Apesar do risco baixo, a Nova Zelândia é um caso a ser observado", diz o relatório.
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18. Emirados Árabes Unidos
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18/19 (Jason Alden/Bloomberg)
Pontos de preocupação: finanças do governo e commodities "Apesar de estar exposto ao preço mais baixo do petróleo, as preocupações em relação aos preços dos ativos se acalmaram e vemos menos razões para preocupação", diz o relatório.
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19/19 (Thinkstock)