Economia

Banco da Inglaterra sobe sua taxa a 2,25% e prevê recessão

O Comitê de Política Monetária (MPC) ficou dividido: dos nove membros, "cinco votaram por um aumento de 0,50 ponto" a 2,25%, explicou o BoE

Nas últimas 24 horas, além do Fed, o Banco Central Suíço elevou suas taxas em 0,75 ponto (Silas Stein/picture alliance/Getty Images)

Nas últimas 24 horas, além do Fed, o Banco Central Suíço elevou suas taxas em 0,75 ponto (Silas Stein/picture alliance/Getty Images)

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AFP

Publicado em 22 de setembro de 2022 às 12h37.

Última atualização em 22 de setembro de 2022 às 12h54.

O Banco da Inglaterra anunciou nesta quinta-feira, 22, um aumento acentuado em sua taxa básica, mas menor do que o adotado no dia anterior pelo Federal Reserve americano (Fed), enquanto a economia britânica deve entrar em recessão no terceiro trimestre.

O Comitê de Política Monetária (MPC) ficou dividido: dos nove membros, "cinco votaram por um aumento de 0,50 ponto" a 2,25%, explicou o BoE em comunicado de imprensa, estimando também que a inflação britânica terá um pico em outubro de pouco menos de 11%, ante 13% previstos até agora.

Embora o BoE tenha iniciado os aumentos de taxas no final de 2021, antes da maioria dos outros grandes bancos centrais, em setembro agiu menos rapidamente do que o Banco Central Europeu (BCE) e o Federal Reserve, que anunciaram altas de 0,75 ponto.

A divisão do MPC reflete a hesitação dos Bancos Centrais de todo o mundo, que lutam contra a inflação, provocada em particular pelo aumento dos preços da energia desde o início da guerra na Ucrânia, mas temem também afundar a economia mundial.

Nas últimas 24 horas, além do Fed, o Banco Central Suíço elevou suas taxas em 0,75 ponto, enquanto o Banco da Noruega, assim como o BoE, se contentou com um aumento de 0,5 ponto.

Enquanto isso, o instituto monetário japonês manteve sua política monetária ultraflexível, embora o governo tenha anunciado uma intervenção no mercado de câmbio para apoiar o iene.

No Reino Unido, a incerteza é particularmente alta devido aos anúncios orçamentários esperados na sexta-feira pelo governo da primeira-ministra conservadora Liz Truss.

A revisão em baixa pelo Banco de Inglaterra do pico da inflação deve-se ao plano de congelamento do preço da energia previsto no quadro deste "miniorçamento".

"Após esses anúncios, e em preparação para sua reunião de novembro, o Comitê estudará o efeito dessas medidas na demanda e na inflação", assegurou o BoE.

Por enquanto, após o pico de outubro, "a alta dos preços da energia deve manter a inflação acima de 10% nos próximos meses" antes de recuar, antecipa o BoE.

Os membros do MPC que defendem um aumento mais acentuado admitem que o teto do preço da energia moderará a inflação no curto prazo e ajudará as famílias, mas corre o risco de alimentar a demanda e os gastos do consumidor e, portanto, aumentar os preços no longo prazo.

Mas elevar as taxas também pesa na economia do Reino Unido, enquanto o BoE sugere que o Reino Unido já entrou em recessão: "espera uma contração de 0,1% no PIB no terceiro trimestre, um segundo trimestre consecutivo de declínio". Esta é a definição geralmente aceita de uma recessão técnica.

Ao aumentar as taxas enquanto o governo tenta reanimar a economia, o BoE pode agravar sua disputa com o Executivo.

Durante sua campanha pela sucessão de Boris Johnson, Truss criticou fortemente o BoE, acusando a instituição de não ter atuado com rapidez suficiente e prometendo rever seu status.

A libra reagiu pouco ao anúncio do BoE: às 8h15, após uma breve queda, permanecia em alta em relação ao dólar, ganhando 0,33% a US$ 1,1317.

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