Economia

À espera de efeitos da Selic baixa, BC reforça interrupção nos cortes

Taxa básica de juros da economia foi baixada na última semana para seu menor percentual, em 4,25%

Banco Central: para autoridade monetária, efeitos da Selic baixa ainda vão surtir efeito (Gustavo Gomes/Bloomberg)

Banco Central: para autoridade monetária, efeitos da Selic baixa ainda vão surtir efeito (Gustavo Gomes/Bloomberg)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 11 de fevereiro de 2020 às 08h40.

Última atualização em 11 de fevereiro de 2020 às 09h45.

Brasília — O Banco Central (BC) voltou a indicar nesta terça-feira, 11, por meio da ata do último encontro do Comitê de Política Monetária (Copom), que não deve cortar novamente a Selic (a taxa básica de juros) na reunião de março.

Na ata do encontro da semana passada, publicada nesta manhã, a autarquia reafirmou que, "considerando os efeitos defasados do ciclo de afrouxamento iniciado em julho de 2019, o Comitê vê como adequada a interrupção do processo de flexibilização monetária".

Na prática, isso significa que o autoridade monetária espera pelos efeitos reais dos juros baixos - que demoram alguns meses para aparecer - para voltar a considerar mais cortes.

Na semana passada, o colegiado cortou a Selic em 0,25 ponto porcentual, de 4,50% para 4,25% ao ano. Foi a quinta redução consecutiva. Na ata agora divulgada, o BC repetiu a avaliação de que "o atual estágio do ciclo econômico recomenda cautela na condução da política monetária".

Além disso, o BC reiterou que "seus próximos passos continuarão dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação, com peso crescente para o ano-calendário de 2021".

Os membros do Comitê de Política Monetária reafirmaram na ata que "a conjuntura econômica prescreve política monetária estimulativa, ou seja, com taxas de juros abaixo da taxa estrutural". Esta avaliação já constou no comunicado da semana passada do Copom.

A taxa estrutural é aquela que, em tese, permite o crescimento econômico sem gerar inflação.

Na ata, o Copom também avaliou que sua decisão da semana passada "reflete seu cenário básico e o balanço de riscos para a inflação prospectiva e é compatível com a convergência da inflação para a meta no horizonte relevante para a condução da política monetária, que inclui o ano-calendário de 2020 e, com peso crescente, o de 2021".

"Considerando os efeitos defasados do ciclo de afrouxamento iniciado em julho de 2019, o Comitê vê como adequada a interrupção do processo de flexibilização monetária. O Comitê enfatiza que seus próximos passos continuarão dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação, com peso crescente para o ano-calendário de 2021"

A Selic está no menor percentual desde 1999, quando começou o regime de metas para a inflação. O atual ciclo de redução dos juros começou em julho do ano passado.

Os bancos e financeiras baseiam suas taxas de juros na Selic, que é o principal instrumento do Banco Central para influenciar na inflação. Em um cenário de inflação em alta, os juros também sobem para desestimular o consumo e evitar que os preços subam ainda mais.

Inflação

A ata do último encontro do Copom também indicou que a projeção para o IPCA de 2020 no cenário de referência, com juros e câmbio constantes, ficou em de 3,5%. Já a projeção para 2021 é de 3,8%.

Essas estimativas já constaram no comunicado da semana passada, quando o Copom reduziu a Selic (a taxa básica de juros) de 4,50% para 4,25% ao ano. Para o cálculo, o BC utilizou taxa de câmbio constante em 4,25% e Selic fixa em 4,50% ao ano.

Assim como no comunicado da decisão da semana passada, a ata do Copom não trouxe agora as projeções do BC para a inflação no cenário de mercado, que considera as trajetórias de câmbio e juros da pesquisa Focus.

A ata também indicou que a projeção para o IPCA de 2020 no cenário híbrido com câmbio fixo e Selic variável está em 3,5%. Já a projeção para 2021 está em 3,7%. As estimativas já constaram no comunicado da semana passada. No Relatório Trimestral de Inflação (RTI) publicado em dezembro passado, as projeções neste cenário híbrido eram de inflação de 3,7% para 2020 e 2021.

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