Economia

Banco Central Europeu eleva a previsão de inflação para 2025 e reduz a para 2026

Taxa ficou de juros foi mantida em 2%, dentro das previsões, e considerada adequada para lidar com os impactos das tarifas de Trump, das tensões geopolíticas e da nova turbulência política na França

Agência o Globo
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Publicado em 11 de setembro de 2025 às 14h19.

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O Banco Central Europeu manteve os custos de empréstimo inalterados pela segunda reunião consecutiva, avaliando que a pressão inflacionária está contida e que a economia segue sólida, apesar das tarifas mais pesadas impostas pelos Estados Unidos.

A taxa de juros foi mantida em 2% nesta quinta-feira — conforme previsto por todos os analistas em pesquisa da Bloomberg. Os formuladores de política não ofereceram orientação sobre próximos passos, reafirmando que agirão a cada reunião, com base nos dados que forem surgindo.

“A inflação está atualmente em torno da meta de 2% no médio prazo, e a avaliação do Conselho do BCE sobre as perspectivas inflacionárias permanece amplamente inalterada”, afirmou a instituição em comunicado.

A maioria dos dirigentes considera que as taxas de juros são adequadas para lidar com os impactos das tarifas comerciais de Donald Trump, das tensões geopolíticas e — mais recentemente — da nova turbulência política na França, que agitou os mercados. A expansão econômica na área do euro, composta por 20 países, tem se mantido firme, enquanto a inflação — ligeiramente acima da meta de 2% — está sob controle.

As projeções trimestrais atualizadas indicam que os preços ao consumidor subirão 1,7% no próximo ano — mais próximos da meta do que a previsão anterior de 1,6%. Mas em 2027, o aumento será de 1,9%, abaixo do projetado anteriormente. O produto interno bruto deve avançar 1,2% neste ano e 1% em 2026.

A presidente Christine Lagarde será questionada sobre as perspectivas e outros temas em uma coletiva de imprensa marcada para as 14h45, em Frankfurt.

O BCE reduziu os juros oito vezes no intervalo de um ano antes de manter a taxa estável em julho. Isso levou os juros de um pico de 4% para um nível considerado nem restritivo nem de estímulo à economia. Analistas e investidores já não preveem novos cortes neste ano.

O euro recuou após a decisão, com os investidores focados nas projeções que apontam para uma inflação mais lenta em 2027. A moeda comum caiu 0,3%, para US$ 1,1664. Os rendimentos dos títulos alemães de 10 anos reverteram os pequenos ganhos anteriores e recuaram um ponto-base, para 2,64%.

O provável patamar de estabilidade do BCE coincide com os preparativos do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) para reduzir os juros na próxima semana, pela primeira vez desde dezembro. A mudança se deve principalmente a sinais de enfraquecimento no mercado de trabalho.

Dados divulgados na quinta-feira mostraram que os preços ao consumidor nos EUA subiram 2,9% em agosto — acima dos 2,7% registrados no mês anterior.

Na área do euro, a inflação não deve se afastar muito da marca de 2% no médio prazo, com a maioria dos dirigentes confiante de que a estabilidade de preços foi restabelecida após o surto provocado pela invasão da Ucrânia pela Rússia.

Alguns, como o presidente do banco central da Lituânia, Gediminas Simkus, demonstram mais preocupação com uma trajetória prolongada abaixo da meta, citando um euro mais forte entre outros fatores.

Já outros, como Isabel Schnabel, integrante mais dura do Comitê Executivo, veem os riscos inflacionários inclinados para cima. Eles apontam para atritos comerciais e para o aumento dos gastos europeus em defesa.

Ao mesmo tempo, a economia tem mostrado resiliência. Apesar de o acordo comercial da União Europeia com os Estados Unidos ter irritado a indústria ao fixar tarifas de 15% sobre a maioria das exportações, a confiança melhorou e a prolongada desaceleração da manufatura caminha para o fim.

No entanto, o colapso do governo da França nesta semana, em razão das impopulares reformas orçamentárias, representa um novo desafio. Na quarta-feira, Sébastien Lecornu tornou-se o quinto primeiro-ministro do país em dois anos.

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