Banco central: projeções foram revisadas para cima (Leandro Fonseca/Exame)
Repórter de Brasil e Economia
Publicado em 19 de dezembro de 2024 às 08h50.
Última atualização em 19 de dezembro de 2024 às 09h05.
O Banco Central (BC) revisou nesta quinta-feira, 19, as projeções para a economia brasileira em 2024 e nos próximos anos. Segundo o Relatório Trimestral de Inflação (RTI), a estimativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) passou de 3,2% para 3,5% em 2024 e do IPCA, a inflação oficial do país, de 4,3% para 4,9% neste ano.
Caso o resultado de 2024 fique em 3,5%, essa será a maior taxa de expansão da economia desde 2021, quando o Brasil cresceu 4,8%. O dado oficial do PIB de 2024 será conhecido apenas em 7 de março de 2025.
Segundo BC, a revisão da atividade econômica acontece principalmente pela surpresa positiva no terceiro trimestre deste ano, que apresentou uma desaceleração menor do que esperado.
”A alteração na projeção de crescimento do PIB em 2024 reflete a surpresa positiva no resultado do terceiro trimestre e os indicadores do quarto trimestre disponíveis até a data de corte deste Relatório”, informou o relatório.
O BC afirmou que a elevação da projeção foi puxada pelo setor de serviços, com alta de 0,6 ponto percentual. É esperado que essa alta compense parcialmente os recuos nas estimativas para a agropecuária e a indústria.
“A alta na previsão para o setor de serviços foi impulsionada por surpresas positivas no resultado do terceiro trimestre, amplamente disseminadas entre as atividades, e pela revisão das séries históricas. Essa revisão impactou principalmente as projeções para intermediação financeira e serviços relacionados, outros serviços e administração, saúde e educação públicas”, apontou.
Para 2025, o Banco Central projeta um crescimento de 2,1%, com variações nos componentes da oferta e da demanda razoavelmente homogêneas e, de modo geral, menores do que as esperadas para 2024.
“Mantém-se a perspectiva de crescimento em 2025 menor que o de 2024, devido à expectativa de menor impulso fiscal; à inflexão da política monetária em andamento; ao reduzido grau de ociosidade dos fatores de produção; e à ausência de forte impulso externo, dada a perspectiva de crescimento mundial em 2025 semelhante ao de 2024”, afirmou.
As projeções para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) também subiram. Segundo o BC, após ter terminado 2023 em 4,6%, a inflação aumenta para 4,9% em 2024, e cai para 4,5% em 2025 e 3,6% em 2026, diante da meta de 3%.
Na comparação com o Relatório anterior, as projeções de inflação subiram em todo o horizonte apresentado, aumentando assim o distanciamento em relação à meta e tornando a convergência para a meta mais desafiadora. O relatório aponta que a chance de IPCA furar teto da meta é de 100% em 2024; em 2025, de 50%; em 2026, de 26%.
"O aumento da projeção de inflação no horizonte relevante resultou principalmente da atividade econômica mais forte que o esperado, que levou a uma elevação no hiato do produto estimado, da depreciação cambial e do aumento das expectativas de inflação. As recentes surpresas inflacionárias e a revisão das projeções de curto prazo também contribuíram, no caso via inércia. Esses fatores mais do que compensaram os efeitos da subida da taxa de juros real, que, entretanto, contribuíram para evitar um aumento mais acentuado nas projeções", afirmou.