Agência de notícias
Publicado em 26 de junho de 2025 às 08h42.
Última atualização em 26 de junho de 2025 às 10h18.
O Banco Central elevou a projeção para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2025 de 1,9% para 2,1%. A atualização foi divulgada no Relatório de Política Monetária, publicado nesta quinta-feira.
Segundo o BC, o aumento da projeção reflete um conjunto de fatores, como o crescimento do PIB "ligeiramente acima do esperado" no primeiro trimestre (1,4%). Outro fator é a expectativa mais favorável para o crescimento agrícola este ano.
Além disso, o BC destacou que o mercado de trabalho apresentou aquecimento mais intenso do que o antecipado no início do segundo trimestre, reforçando as perspectivas de resiliência do consumo das famílias. A autoridade monetária ainda vê impacto positivo no PIB do novo modelo de crédito consignado privado, embora tenha "elevado grau de incerteza". Em sentido oposto, a expectativa de menor expansão da economia global contribui para um menor crescimento doméstico, segundo o BC.
"Apesar da revisão altista, permanece a expectativa de desaceleração da atividade econômica ao longo do trimestre corrente e do segundo semestre. Essa moderação esperada decorre da manutenção de uma política monetária restritiva, do reduzido grau de ociosidade dos fatores de produção, da perspectiva de moderação do crescimento global e da redução do impulso da agropecuária registrado no primeiro trimestre", disse o órgão no relatório.
A estimativa oficial do governo também subiu recentemente para 2,4%. Da mesma forma, no mercado financeiro, a projeção vem sendo elevada nas últimas semanas e, atualmente, está em 2,21%, segundo o Boletim Focus.
Na ata do Comitê de Política Monetária (Copom), o BC destacou que a atividade continuava resiliente, apesar de um processo gradual de moderação do crescimento. Essa consideração levou o colegiado a elevar mais uma vez a taxa Selic, de 14,75% para 15% ao ano. O Copom ressaltou que a força da economia dificulta o processo de convergência de inflação à meta de 3,0%, o que requer maior aperto monetário. Para a próxima reunião, o BC indicou que deve interromper o processo de alta de juros.
"Enfatizou-se que os vetores inflacionários seguem adversos, como resiliência na atividade econômica e pressões no mercado de trabalho, expectativas de inflação desancoradas e projeções de inflação elevadas. Tal cenário prescreve uma política monetária em patamar significativamente contracionista por período bastante prolongado para assegurar a convergência da inflação à meta."
No relatório, o BC também divulgou a estimativa para o hiato do produto, indicador que mede a distância entre a expansão efetiva da economia e sua possibilidade de crescimento, de acordo com a sua estrutura de oferta. Atualmente, o BC estima que o hiato estava positivo em 0,9% no primeiro trimestre de 2025, um número maior do que a estimativa de março (0,6%), o que indica que a autoridade monetária avalia que o sobreaquecimento da economia é maior do que esperava antes.
Em relação às projeções oficiais de inflação, o BC estima que ela fica acima da meta até o fim de 2027. A meta é de 3,0%, com limite de tolerância de 1,5% a 4,5%. O BC espera que o IPCA - índice oficial de inflação - feche 2025 em 4,9%, acima do teto, fique em 3,6% no fim de 2026 e 3,2% no encerramento de 2027.
"Nas projeções do cenário de referência, a inflação se mantém acima do limite do intervalo de tolerância nos próximos meses, começando a cair a partir do quarto trimestre, mas ainda permanecendo acima da meta."
As estimativas do cenário de referência do BC levam em conta as projeções para a taxa Selic do Boletim Focus, que apontavam taxa de 14,75% no fim de 2025 e de 12,50% no término de 2026. No entanto, na semana passada, o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa para 15% ao ano.
O Copom indicou que pretende interromper o ciclo de alta na próxima reunião, em julho, de modo a avaliar se o atual nível já é suficiente para garantir a convergência da inflação para a meta, considerando a manutenção por período "bastante prolongado".
Atualmente, o BC mira o final de 2026 para colocar a inflação na meta. Mas o horizonte se move com o tempo. No final deste ano, por exemplo, o foco será a metade de 2027, cuja projeção atual é de 3,4%.
"O Comitê antecipa uma interrupção no ciclo de alta de juros para examinar os impactos acumulados do ajuste já realizado, ainda por serem observados, e então avaliar se o nível corrente da taxa de juros, considerando a sua manutenção por período bastante prolongado, é suficiente para assegurar a convergência da inflação à meta. O Comitê enfatiza que seguirá vigilante, que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e que não hesitará em prosseguir no ciclo de ajuste caso julgue apropriado", disse, na ata.
No relatório publicado hoje, o BC divulgou a probabilidade de estouro da meta, ou seja, de a inflação ultrapassar o limite superior de 4,5%. Para 2026, essa chance caiu de 28% para 26%. A conta considera as projeções oficiais do BC para a inflação no cenário de referência, que era de 3,7% em março e foi atualizada este mês para 3,6%. Para este ano, o risco também recuou, de 70% para 68%.
O BC destaca que a probabilidade não implica mais em risco de descumprimento da meta, pois, no regime contínuo, isso é caracterizado quando a inflação fica seis meses consecutivos acima do limite de referência, quando considerado o acumulado em 12 meses. Mas, segundo a autoridade monetária, é uma das referências para avaliação dos riscos envolvidos nas projeções.
Nesse sentido, o BC já vem pontuando que a inflação deve romper a meta no primeiro teste do novo regime, considerando o IPCA de junho. Em 12 meses até maio, último dado divulgado, o IPCA está em 5,32%.
"Considerando as projeções mensais, a inflação acumulada em doze meses fica superior ao limite superior do intervalo de tolerância da meta por seis meses consecutivos em junho deste ano. No caso de concretização desse cenário, se caracterizará descumprimento da meta para a inflação e será necessária a publicação das razões desse descumprimento por meio de nota neste Relatório e de carta aberta ao MF (Ministério da Fazenda)."