Economia

Banco Central decide taxa de juros nesta quarta-feira; saiba o que esperar

Reunião do Banco Central é vista como uma das mais importantes do ano e pode representar uma mudança na condução da política monetária

Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) realiza audiência pública para ouvir o presidente do Banco Central (BC). A comissão quer informações sobre a taxa básica de juros, a Selic, atualmente em 13,75%. 

À mesa, em pronunciamento, presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. (Pedro França/Agência Senado/Flickr)

Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) realiza audiência pública para ouvir o presidente do Banco Central (BC). A comissão quer informações sobre a taxa básica de juros, a Selic, atualmente em 13,75%. À mesa, em pronunciamento, presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. (Pedro França/Agência Senado/Flickr)

Agência o Globo
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Publicado em 21 de junho de 2023 às 06h59.

O Banco Central deve manter nesta quarta-feira, 21, a taxa básica de juros (Selic) em 13,75% ao ano. A expectativa entre economistas, no entanto, é por uma sinalização sobre o início do ciclo de cortes, que poderia acontecer já na reunião de agosto.

O BC não vem apresentando surpresas nas últimas decisões do Copom e, se confirmada, será a 7ª manutenção consecutiva da taxa de juros. No Ministério da Fazenda, a redução da Selic é vista como essencial para a retomada sustentável do crescimento da economia.

Embora as críticas da ala política do governo sejam personalizadas à figura do presidente do BC, Roberto Campos Neto, a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) é tomada com os votos de oito diretores e está seguindo uma trajetória de unanimidade

A exceção mais recente foi em setembro do ano passado. Os diretores Fernanda Guardado (Assuntos Internacionais) e Renato Gomes (Sistema Financeiro) votaram pela elevação de 0,25 ponto percentual, enquanto a maioria decidiu pela manutenção da taxa de 13,75% - neste patamar desde agosto.

Diretoria do BC

Esse histórico de decisões unânimes pode ser interrompido em breve. Gabriel Galípolo, agora ex-secretário-executivo da Fazenda, foi nomeado por Lula para assumir a diretoria de política monetária do BC - que tem destaque em direcionar o debate sobre a Selic.

Ailton dos Santos também foi indicado pelo governo e deve ser o novo diretor de Fiscalização. A sabatina dos dois no Senado será no dia 27 e a expectativa é que na reunião de agosto eles já estejam na cúpula do BC.

Logo após o anúncio do seu nome, em maio, o ex-número 2 da Fazenda argumentou que "seria estranha" a indicação de alguém desalinhado ao governo para o BC.

Cenário fiscal

No comunicado mais recente, em maio, o Banco Central falou sobre a incerteza “ainda presente” sobre o desenho do arcabouço fiscal, que ainda não havia sido aprovado na Câmara.

Apesar de não haver, na visão do BC, uma relação direta entre a aprovação da regra fiscal e eventual queda nos juros, a proposta já vem apresentando resultados positivos nas expectativas sobre as trajetórias da dívida pública e da inflação. Esse é um dos movimentos que abrem margem para possíveis sinalizações positivas do BC:

"Há uma melhora do quadro fiscal, com a nova regra sendo rapidamente votada na Câmara e com expectativas positivas de aprovação no Senado, incluindo mudanças apenas marginais em sua estrutura inicial. Isso deve ser um vetor positivo a ser reconhecido no comunicado desta quarta-feira", avalia Matheus Pizzani, economista da CM Capital.

Já o diretor de Alocação e Distribuição da InvestSmart, André Meirelles, também cita a melhora na projeção de inflação monitorada pelo Boletim Focus - a partir de sinais de arrefecimento do nível de preços.

"O corte de juros precisa ser sustentável. Para tal, é necessário que vejamos melhorias estruturais na economia brasileira, capazes de impactar positivamente a expectativa de inflação. O novo arcabouço fiscal é uma mudança estrutural que mostrou ter efeito sobre as expectativas", diz Meirelles.

Luis Otávio Leal, economista-chefe da G5 Partners, vê uma queda de 0,50 pontos em agosto na taxa de juros, seguida de reduções consecutivas até 12,50% no final do ano.

"Os motivos para vermos espaço para uma redução agora vão desde os dados de atividade que mostram uma demanda muito fraca, como fica comprovado pela contribuição negativa da absorção interna para o PIB do 1º trimestre, até os números da inflação corrente e das expectativas de inflação em clara tendência de desaceleração", cita.

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