Economia

Banco Central da Rússia aumenta taxa de juros para 21%, nível mais elevado desde 2003

Iniciativa visa controlar inflação elevada que atingiu 8,6% em setembro

Banco Central russo anuncia maior taxa de juros desde 2003 para reduzir inflação (Dado Ruvic/Illustration/Reuters)

Banco Central russo anuncia maior taxa de juros desde 2003 para reduzir inflação (Dado Ruvic/Illustration/Reuters)

AFP
AFP

Agência de notícias

Publicado em 25 de outubro de 2024 às 10h33.

Última atualização em 25 de outubro de 2024 às 10h36.

Tudo sobreRússia
Saiba mais

O Banco Central da Rússia (BCR) anunciou nesta sexta-feira, 25, um aumento da taxa de juros de referência de 19% para 21%, o nível mais alto desde 2003. A medida visa conter a inflação, que atingiu 8,6% em setembro, segundo dados oficiais.

"É necessário um novo endurecimento da política monetária para garantir o retorno da inflação ao objetivo de 4% e reduzir as expectativas inflacionárias", explicou o BCR em comunicado.

Histórico de aumentos

O último aumento dessa magnitude foi entre o final de fevereiro e início de abril de 2022, quando o banco elevou a taxa para 20% para proteger a economia russa das sanções ocidentais, impostas em resposta ao ataque de Moscou à Ucrânia. Desde então, a diretora do BCR, Elvira Nabiullina, reafirma seu compromisso de reduzir de forma sustentável a inflação, que afeta o poder de compra dos russos.

A inflação tem sido impulsionada pelo aumento do gasto público voltado para a ofensiva na Ucrânia, com os preços subindo para 8,63% em setembro, bem acima da meta oficial de 4%, segundo a agência de estatísticas Rosstat. Para conter o aumento, o BCR já havia elevado a taxa de juros de 18% para 19% em meados de setembro.

Gastos públicos e impacto econômico

O aumento dos gastos públicos, especialmente em pedidos do complexo militar-industrial para equipar o Exército na Ucrânia, tem alimentado um ciclo de alta nos salários e no consumo das famílias. Desde 2021, o orçamento federal russo cresceu quase 50%, com bilhões destinados ao Exército e às suas famílias, além das empresas de armamento. Embora essa política permita à economia russa resistir às sanções, também contribui para o aumento dos preços nos produtos de consumo diário.

No comunicado, o BCR destacou "os gastos fiscais adicionais e o aumento do déficit orçamentário federal projetado para 2024", que têm "efeitos pró-inflacionários".

Perspectivas de crescimento

O Fundo Monetário Internacional (FMI) revisou para cima as previsões de crescimento da Rússia para este ano, estimando um aumento de 3,6%. No entanto, espera-se uma desaceleração para 2025, à medida que as pressões inflacionárias e o déficit orçamentário afetem o desempenho econômico.

Acompanhe tudo sobre:Rússiaeconomia-internacionalUcrânia

Mais de Economia

Rui Costa diz que pacote de corte de gastos não vai atingir despesas com saúde e educação

Riscos fiscais à estabilidade financeira são os mais citados por bancos e corretoras, informa BC

Lula e Haddad voltam a se reunir hoje para discutir corte de gastos

BNDES firma acordo de R$ 1,2 bilhão com a Agência Francesa para projetos no Brasil