Economia

Bancários seguem exemplo do salário mínimo

Categoria quer 12,8% de aumento; no ano que vem, salário mínimo subirá quase 14%

Bancários protestam em Brasília, em 2009, durante a crise: agora, a economia melhorou (Wikimedia Commons)

Bancários protestam em Brasília, em 2009, durante a crise: agora, a economia melhorou (Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 1 de agosto de 2011 às 19h17.

São Paulo – Não é de hoje que os economistas alertam para o estrago que será feito na inflação quando o salário mínimo for reajustado em torno de 13,5% em janeiro de 2012.

O percentual elevado é fruto de uma regra criada ainda no governo Lula – e referendada pela presidente Dilma Rousseff – que prevê o seguinte cálculo: a variação do Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos antes mais a inflação do ano anterior.

Trocando em miúdos: o aumento do salário mínimo em 2012 será de 7,5% (PIB de 2010) mais 6% (estimativa para o INPC de 2011), totalizando 13,5%.

Os economistas previam que as categorias mais organizadas pleiteariam percentuais parecidos em suas campanhas salariais neste ano. O sindicato dos bancários já decidiu que vai brigar por um reajuste de 12,8% em setembro, o que daria ganho real (descontada a inflação) de 5%.

O bom momento da economia brasileira e o mercado de trabalho aquecido jogam a favor dos trabalhadores, que nos últimos anos têm obtido ganhos polpudos.


O Banco Central, preocupado com a situação, fez um alerta na ata do Copom divulgada na semana passada: “Um risco muito importante reside na possibilidade de concessão de aumentos de salários incompatíveis com o crescimento da produtividade e suas repercussões negativas sobre a dinâmica da inflação."

Não se trata de discutir se o pleito dos bancários é justo ou não. Há uma lógica aparente na reivindicação dos trabalhadores que querem repor as perdas inflacionárias e abocanhar parte dos lucros das empresas.

É difícil convencer a sociedade de que os mecanismos de indexação – o reajuste salarial é um deles – perpetuam a inflação corrente e dificultam o controle dos preços, corroendo o poder de compra num efeito tipo “bola de neve” já visto no passado.

Mais difícil ainda fica quando o próprio governo cria um mecanismo automático de reajuste do salário mínimo. O mau exemplo foi dado e seguido. Não adianta o Banco Central reclamar.

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