PIB: crescimento econômico oficial será divulgado na próxima terça-feira (3) (Bruno Domingos/Reuters)
Reuters
Publicado em 28 de fevereiro de 2020 às 15h17.
Última atualização em 3 de março de 2020 às 16h17.
Nova York — A economia brasileira provavelmente não conseguiu acelerar nos últimos três meses do ano passado, crescendo apenas 0,5% e prolongando o que já é sua mais fraca recuperação de recessão jamais registrada, segundo uma pesquisa da Reuters com economistas.
Uma interrupção no ímpeto econômico do Brasil antes da virada do ano deixaria a maior economia da América Latina em ritmo fraco mesmo antes do surto de coronavírus, que tem se espalhado para dezenas de países, abalando os mercados financeiros e agora deixa muitos investidores preocupados com a recessão global.
"Mesmo antes (do surto) estávamos revisando nossas previsões devido ao fraco desempenho da economia no final de 2019. Adicionando os efeitos esperados da crise do vírus e com a piora da política interna, é difícil evitar prever um ano muito fraco pela frente", disse José Francisco de Lima, economista-chefe do Banco Fator.
O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil provavelmente cresceu apenas 0,5% no quarto trimestre de 2019, de acordo com a mediana de 26 previsões em uma pesquisa da Reuters realizada entre 24 e 28 de fevereiro. O ritmo é mais lento do que o aumento de 0,6% registrado no período de três meses anterior.
O intervalo das estimativas foi de zero a 0,7%. Em comparação a um ano antes, a mediana dos prognósticos para o crescimento no quarto trimestre foi de 1,5%, um pouco acima da taxa de 1,2% registrada no trimestre de julho a setembro. Dado oficial será divulgado no dia 3 de março.
A desaceleração confirmaria dados recentes que refletiram um desempenho macroeconômico morno à medida que 2019 chegava ao fim, quando números de manufatura, consumo e outros setores ficaram abaixo das expectativas do mercado.
As previsões mais recentes, se precisas, marcarão o fim de uma breve tendência de alta iniciada em 2019, depois que o presidente Jair Bolsonaro assumiu o cargo prometendo reacender o crescimento, pressionando por reformas destinadas a reduzir o tamanho do Estado.
Mas os gastos e investimentos do consumidor permaneceram fracos ao longo do ano, após um golpe de sentimento infligido pela diluição de uma histórica reforma da Previdência no Congresso.
A última visão de consenso para 2020 foi de 2,1% na pesquisa, a mesma de janeiro, sugerindo que, por enquanto, os economistas não veem impacto substancial.
No entanto, os economistas não estavam totalmente confiantes, divididos em relação à capacidade do Brasil de atingir a meta de crescimento mínimo de 2% que o ministro da Economia, Paulo Guedes, estabeleceu para este ano.
Respostas a uma pergunta na pesquisa mostraram que três dos 14 analistas consideraram "muito provável" que a economia cresça menos de 2% em 2020, enquanto cinco disseram ser "provável". Os outros seis disseram que isso era "improvável".
Muito vai depender de como o novo conjunto de reformas se sairá no Congresso. Uma pequena maioria de oito dos 13 economistas que responderam a uma pergunta separada disse que os planos de Bolsonaro para este ano provavelmente serão aprovadosem tempo e forma.
Os cinco restantes disseram que isso era improvável.