Economia

Baixa rotatividade de trabalhares no Japão prejudica salário

Elevar salários tem sido um dos focos do programa de crescimento do premiê que pretende “reflacionar” a economia por um ciclo de lucros corporativos maiores

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 16 de setembro de 2016 às 16h31.

Ao contrário dos americanos, que trocam constantemente de trabalho, os trabalhadores japoneses quase nunca mudam de empresa, o que provavelmente frustra as iniciativas das autoridades em aumentar os salários.

Os salários caíram de forma constante durante a longa batalha do Japão contra a deflação. Elevá-los tem sido um dos focos do programa de crescimento do primeiro-ministro Shinzo Abe, que pretende “reflacionar” a economia por meio de um ciclo de lucros corporativos maiores, melhores remunerações para os trabalhadores e maior gasto com o consumo.

Abe disse recentemente que mudar a maneira de trabalhar do Japão é o maior desafio para revitalizar a economia e a falta de mobilidade dos trabalhadores é um dos motivos apontados pelos economistas para a necessidade urgente de reformar o mercado de trabalho.

Em economias de alta mobilidade, como a dos EUA, as pessoas mudam facilmente de trabalho e vão para outras empresas, setores e até regiões que ofereçam uma remuneração maior.

Existe uma “grande quantidade” de rotação no mercado de trabalho dos EUA todos os meses, disse Gary Burtless, membro sênior da Brookings Institution em Washington.

“E vendo o contracheque das pessoas que trocam de trabalho de um mês a outro, parece que elas têm aumentos salariais mais rapidamente que as que continuam no mesmo emprego”.

A rotação é muito menor no Japão. E a baixa mobilidade do mercado de trabalho limitou os ganhos salariais de forma geral, afirmou a Capital Economics em um relatório recente.

Parte do problema é a falta de oportunidades para profissionais durante a carreira, porque as empresas conservam a antiga prática de contratar principalmente recém-formados e mantê-los até eles se aposentarem, disse Hiroaki Muto, economista-chefe do Tokai Tokyo Research Center.

“Quase todos trabalham o mesmo período de tempo desde que são contratados até deixarem o emprego. Como sistema, não há muitas contratações no meio da carreira”.

“Acho que existem muitos [outros] lugares onde a taxa de mudança de trabalho é alta e os salários podem ser melhor calculados de acordo com a produtividade, a capacidade etc.”, disse Muto, acrescentando que no Japão é difícil equiparar o salário à produtividade por causa da falta de dados.

Até mesmo quando os japoneses pedem demissão, o motivo não costuma ser o salário. A maioria sai para fugir de condições insatisfatórias de trabalho, como problemas pessoais ou carga horária excessiva, e não para buscar oportunidades melhores.

Apenas 10 por cento dos participantes de uma pesquisa do governo afirmaram que saíram do trabalho anterior porque o salário era inadequado.

Em contraste, uma pesquisa internacional realizada pela rede profissional LinkedIn em 2015 concluiu que para 34 por cento das pessoas que deixaram o trabalho anterior o motivo foi, pelo menos em parte, a insatisfação com a remuneração.

Os trabalhadores japoneses também são menos propensos a pedir um aumento. Muto, que trocou de trabalho no ano passado, disse que negociar o salário ao começar um novo emprego é algo raro no Japão. Um funcionário novo geralmente aceita o salário proposto pelo empregador, disse ele.

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