Criação de gado: cotações do boi gordo subiram cerca de 22% nos dez primeiros meses do ano (©AFP / Str)
Da Redação
Publicado em 24 de novembro de 2014 às 15h58.
São Paulo - As margens dos pecuaristas brasileiros que trabalham com recria e engorda ficaram mais apertadas este ano, apesar dos preços recordes da arroba do boi gordo, devido à ineficiência na produção de bezerros no país, disse nesta segunda-feira o Rabobank.
Nos dez primeiros meses do ano, as cotações do boi gordo subiram cerca de 22 por cento, enquanto o preço do bezerro --importante insumo para o pecuarista de engorda-- aumentou 31 por cento, disse o banco especializado em agronegócio.
O indicador Esalq/BM&FBovespa, que monitora o preço do boi gordo no mercado paulista, bateu recorde histórico de 144,21 reais por arroba em meados de novembro, alta de 33 por cento em 12 meses.
Em outra métrica, a relação de troca mostra-se cada vez mais desfavorável para o produtor que se dedica à atividade de finalização do gado antes do abate.
Em setembro de 2011, eram necessárias 7 arrobas de boi gordo para comprar um bezerro em Campo Grande (MS), exemplificou o Rabobank. Em outubro deste ano, a relação era de 8,2 arrobas para a aquisição do mesmo bezerro.
"A disparada no preço do bezerro no Brasil é resultado direto do descasamento entre os elos do longo ciclo da pecuária brasileira", disse o Rabobank.
O banco destaca falta de eficiência na produção de bezerros. Enquanto no Brasil o animal é vendido com 180 kg, nos Estados Unidos, o peso do animal com o mesmo tempo de vida é de 270 kg.
A solução seria premiar a qualidade dos bezerros, disse o Rabobank.
"A organização da cadeia por meio de contratos e parcerias, além da negociação do bezerro pelo seu peso e não por cabeça, deverão ser os principais indutores que moldarão a competitividade da pecuária de corte nacional", disse a instituição no relatório.