Economia

Avicultura espera semestre melhor para compensar ano morno

Indústria de aves teve um primeiro semestre marcado por um consumo mais moderado que o inicialmente previsto


	Frangos para exportação são preparados em uma fábrica da D'Oro em Várzea Paulista
 (Marcos Issa/Bloomberg News)

Frangos para exportação são preparados em uma fábrica da D'Oro em Várzea Paulista (Marcos Issa/Bloomberg News)

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Da Redação

Publicado em 7 de julho de 2014 às 17h19.

São Paulo- A indústria de aves do Brasil dependerá de um bom desempenho no segundo semestre para atingir suas projeções de crescimento para 2014, depois de um primeiro semestre marcado por um consumo mais moderado que o inicialmente previsto, disseram analistas e especialistas.

O aumento das exportações no semestre foi inferior a 1 por cento, ante previsão da expansão da indústria entre 2 e 2,5 por cento. No mercado interno, o desempenho foi semelhante, com o esperado aumento do consumo de carnes durante a Copa do Mundo ficando abaixo do esperado, em meio a preocupações com a inflação e o endividamento da família brasileira.

"Temos que trabalhar para atingir as metas que antes nós pensávamos que eram bem conservadoras, mas que hoje vemos que não são tão conservadoras, mas razoáveis", disse o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Francisco Turra.

Inicialmente, a ABPA estimava uma retomada do consumo interno para os níveis de 2012, quando somou 45 kg por pessoa no ano. O consumo no ano passado foi de 42 kg, e até agora este volume está em torno de 43 kg, segundo o acompanhamento da ABPA.

"Vimos até agora um crescimento em volume de exportação inferior ao que prevíamos... No consumo interno, houve um pequeno aumento para atender uma demanda maior, mas nada ainda que empolgasse", acrescentou Turra.

O analista Aedson Pereira da consultoria Informa Economics FNP ponderou que as expectativas estavam elevadas por causa da Copa, mas o crescimento não foi expressivo.

"Melhorou, mas não foi tudo isso... Deve ter alguma coisa relacionada à questão do poder aquisitivo da população. O preço das carnes subiu bastante em vários locais do Brasil", disse.

Ele ressaltou que vê espaço para um crescimento do consumo de frango no segundo semestre que é, tradicionalmente, o mais forte em vendas para o setor de carnes, permitindo que estas projeções da indústria se consolidem.

A perspectiva positiva para a indústria se baseia também em um cenário de preços mais baixos dos grãos, item de maior peso no custo de produção avícola, diante do aumento da oferta oriunda da segunda safra de milho no país, combinado com o aumento do preço do frango em áreas como São Paulo, Minas Gerais e Estados do Sul e Centro-Oeste.

"O preço pago pelo frango ao produtor, associado a uma queda significativa dos preços do milho em vários Estados produtores por causa da condição que a safra de segunda época ofereceu, acaba tendo uma junção favorável ao setor", disse Pereira.

A segunda safra de milho do Brasil, sendo colhida no momento, beneficiada por chuvas favoráveis ao desenvolvimento das lavouras, deve atingir um volume maior que o inicialmente esperado, o que derrubou as cotações de milho.

O indicador Cepea/Esalq, referência para os negócios à vista no país, acumula perdas de mais de 27 por cento desde a máxima do ano, em meados de março.

O analista da Informa acrescentou ainda que os preços mais firmes de carne suína e bovina, as chamadas proteínas concorrentes, por questões internas e do mercado internacional, também beneficiam a indústria de carne de frango.

"Isso querendo ou não afeta o mercado de avicultura, afeta a decisão do consumidor", disse o analista.

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