Campos Neto: "Acho que nós estamos no caminho certo" (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)
Reuters
Publicado em 12 de julho de 2019 às 08h07.
Brasília — O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou na quarta-feira que um avanço nas reformas "obviamente" torna o cenário mais benigno para a inflação, após ter destacado que a aprovação do texto-base da reforma da Previdência pela Câmara dos Deputados era um primeiro passo importante.
Reagindo à colocação da jornalista Miriam Leitão de que todas as condições estavam dadas para uma redução na taxa básica de juros, Campos Neto indicou, em entrevista à GloboNews, que as variáveis analisadas pelo BC para sua decisão sobre a Selic de fato melhoraram.
"Basicamente o que nós dissemos na última comunicação é que quando nós olhamos o externo ele está mais benigno, quando nós olhamos o hiato do produto, quando olhamos a capacidade ociosa, nós hoje temos uma capacidade ociosa maior, nós inclusive reconhecemos que teve interrupção no crescimento, que é um termo forte", afirmou Campos Neto.
"E como nós tínhamos três fatores e dois melhoraram sensivelmente, nós passamos então a dizer que o fator preponderante ficou com as reformas. Então, nessa linha, obviamente um avanço nas reformas faz com que o cenário fique mais benigno para a inflação no futuro", prosseguiu.
"Já achávamos que estava mais benigno. Obviamente, como o fator preponderante é as reformas, avançando as reformas nós temos uma melhora nesse sentido."
O Comitê de Política Monetária (Copom) do BC se reúne no fim deste mês para nova decisão sobre os juros básicos, estacionados em 6,5% --seu piso histórico --desde março de 2018.
Na pesquisa Focus mais recente, feita pelo BC junto a uma centena de economistas, a expectativa é de corte de 0,25 ponto percentual na Selic em 31 de julho.
Na entrevista à GloboNews, Campos Neto avaliou que a aprovação por ampla margem do texto-base da reforma da Previdência na Câmara foi vitória sobretudo dos brasileiros e representa uma etapa inicial no necessário processo de ajuste fiscal.
"Esse primeiro passo é muito importante. Eu acho que ele melhora a percepção do Brasil para o investidor estrangeiro, ele vai melhorar, vai estimular que o investidor local privado também faça investimentos. Então eu acho que nós estamos no caminho certo", disse.