Fernando Haddad: ministro afirmou que existe uma sensação de alívio mundial pelo fim do mandato de Bolsonaro (Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Agência de notícias
Publicado em 1 de março de 2023 às 13h06.
Última atualização em 1 de março de 2023 às 14h12.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quarta-feira que a autonomia do Banco Central, aprovada durante o governo do ex-presidente da República Jair Bolsonaro, é incontornável no curto e médio prazo. "Não vejo ânimo do Congresso de rever (autonomia). Isso não impede o congresso amanhã de repensar, mas hoje não vejo ânimo", disse Haddad em entrevista ao UOL.
Em crítica ao legado deixado pelo ex-presidente, Haddad afirmou que existe uma sensação de alívio mundial pelo fim do mandato de Bolsonaro.
Ele citou que o Brasil voltou a ser um país interessante para os investidores e que existe uma janela de oportunidades para que o País alavanque no cenário internacional, especialmente com a guerra da Rússia e Ucrânia.
O novo arcabouço fiscal pode sair antes da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom). "Hoje mesmo eu tenho uma reunião doméstica da Fazenda para alinhar", disse Haddad em entrevista ao UOL.
Em evento do BTG no dia 15 de fevereiro, o ministro disse que o governo federal deveria apresentar a proposta já em março, e não em abril como antes previsto. O Copom fará sua próxima reunião nos dias 21 e 22 de março para discutir os rumos da taxa Selic e a situação econômica do Brasil.
Durante a entrevista, Haddad defendeu a adoção de um arcabouço simples, objetivo e menos detalhado. "Tem duas perspectivas. Uma visão que a regra tem que ser mais detalhada e uma perspectiva com a qual tenho mais simpatia, mas posso ser voto vencido, que ela tem que ser simples, objetiva e demonstrar a trajetória clara para as finanças públicas nos próximos anos", avaliou.
O ministro da Fazenda afirmou ainda que o Banco Central deve estar atento ao que ocorre no mercado de crédito de Brasil. Haddad tem feito reiteradas críticas ao patamar elevado das taxas de juros que vigoram no País e que, segundo ele, inibem o crescimento econômico.
Ele esclareceu ainda a discussão na mudança de meta de inflação, que chegou a ser questionada publicamente pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O ministro assumiu ter levado ao chefe do Executivo uma tabela de países com metas menores, inflações maiores e juros menores do que o Brasil. "Inclusive de países vizinhos e semelhantes a nós", disse.