Economia

Aumento salarial nos EUA esconde problemas no trabalho

a média salarial mascara problemas na economia e nem todas as categorias têm verificado melhoras


	Feira de empregos em Chicago: os rendimentos têm subido em ritmo menor para profissionais que não estão em cargo de gerência
 (Scott Olson/AFP)

Feira de empregos em Chicago: os rendimentos têm subido em ritmo menor para profissionais que não estão em cargo de gerência (Scott Olson/AFP)

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Da Redação

Publicado em 7 de fevereiro de 2015 às 09h49.

Washington - Com a recuperação da economia dos Estados Unidos, os trabalhadores norte-americanos finalmente têm recebido sinais de que seus ganhos salariais estão acelerando.

Após a crise financeira mundial causar um terremoto no mercado de trabalho no país, parte dos empregados começa a recompor o seu poder de compra perdido em 2007, mas a média salarial mascara problemas na economia e nem todas as categorias têm verificado melhoras.

Em relatório mensal divulgado na sexta-feira, o Departamento do Trabalho revelou que o ganho salarial médio dos 12 meses terminados em janeiro foi de 2,2%. O índice está confortavelmente acima da taxa de inflação do país, que registrou 0,8% no ano encerrado em dezembro.

Apesar do ganho real médio de 1,4% no período, economistas alertam que essa melhora no mercado de trabalho não deve suscitar grandes esperanças.

Os dados do governo não revelam quais ocupações se beneficiaram mais dos aumentos salariais, mas os rendimentos têm subido em ritmo menor para profissionais que não estão em cargo de gerência - o que sugere que os chefes estão ficando com a maior parte dos ganhos.

Ainda assim, anúncios de emprego sugerem que o aumento foi estendido a uma ampla gama de indústrias e profissões.

"Os Estados Unidos estão voltando ao trabalho, e esse é o primeiro passo para contracheques melhores", afirma Tara Sinclair, economista-chefe do portal Indeed.com e professora da Universidade George Washington.

O site reúne anúncios de trabalho e indica que houve alta na demanda por caminhoneiros, profissionais de saúde e de tecnologia, o que sugere aumento salarial.

O ritmo de contratações acelerou 34% desde 2013 e o aquecimento no mercado de trabalho tem tornado mais difícil encontrar mão de obra talentosa. Essa tendência, a princípio, parece ter forçado as empresas a pagar mais para atrair e manter seus melhores funcionários.

Por outro lado, os dados do Departamento do Trabalho representam uma média salarial. Logo, mesmo quando o indicador melhora, alguns trabalhadores podem continuar a ter os mesmos rendimentos e a enfrentar a alta dos preços. Por exemplo, nos setores de mineração e madeireiro, a média salarial foi reduzida em dezembro.

Economistas também ponderam que o ganho real varia de mês para mês e que houve queda na média salarial registrada em dezembro. Dean Baker, pesquisador do Centro de Pesquisa e Política Econômica, conclui que "não há evidência real" de que os pagamentos estão mesmo acelerando no país. Ele pondera que os salários geralmente aumentam em ritmo maior que 3% ao ano em uma economia saudável.

Ainda assim, o dado foi bem recebido pelo mercado. "É um passo na direção certa", resume Bill Hampel, economista-chefe da Credit Union National Association. Para ele, a melhora do mercado de trabalho deve continuar à taxa atual por mais alguns anos até que seja compensado o buraco nos salários causado pela recessão no país. Fonte: Dow Jones Newswires.

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