Economia

Aumento na gasolina deve gerar maior demanda por etanol

Na temporada 2014/15, praticamente encerrada, 56,8 por cento da cana processada foi usada para a produção de etanol


	Na temporada 2014/15, praticamente encerrada, 56,8 por cento da cana processada foi usada para a produção de etanol
 (Prakash Singh/AFP)

Na temporada 2014/15, praticamente encerrada, 56,8 por cento da cana processada foi usada para a produção de etanol (Prakash Singh/AFP)

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Da Redação

Publicado em 20 de janeiro de 2015 às 13h13.

São Paulo - A decisão do governo de aumentar tributos sobre a gasolina deverá tornar o etanol mais atrativo para o consumidor, aumentando a demanda pelo biocombustível e levando a uma safra ainda mais alcooleira, em detrimento da produção de açúcar, no centro-sul do Brasil em 2015/16, disse nesta terça-feira a entidade que representa as usinas.

"O setor deve fazer um planejamento de safra ainda mais alcooleiro", disse o diretor técnico da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), Antonio de Padua Rodrigues, em conferência com jornalistas.

Na temporada 2014/15, praticamente encerrada, 56,8 por cento da cana processada foi usada para a produção de etanol. Na temporada anterior, o índice havia sido de 54,7 por cento.

A estratégia tende a reduzir a oferta de açúcar do Brasil, maior produtor e exportador mundial da commodity, na safra do centro-sul 2015/16, que começa a ser colhida em abril.

O governo anunciou na segunda-feira que tributará a gasolina em 0,22 real e o diesel em 0,15 real por litro a partir de 1º de fevereiro via PIS/Cofins. A partir do início de maio, esses valores por litro serão divididos entre o PIS/Cofins e a Cide.

A Petrobras, por sua vez, já informou que o aumento de tributos será integralmente repassado aos clientes das refinarias.

As projeções do mercado são de que a gasolina nos postos de combustíveis pode ficar cerca de 7 por cento mais cara.

O combustível mais caro abre espaço para reajuste semelhante para o etanol hidratado (usado diretamente no tanque dos veículos), uma vez que o biocombustível tem um limite informal de preço de até 70 por cento do valor da gasolina, porque ele rende menos.

A Unica não fez estimativas sobre o provável aumento do preço do etanol nos postos e sobre o impacto para o caixa das usinas, dizendo que estes reajustes costumam ser diluídos ao longo da cadeia.

"Isso ainda vai depender da política de preços da Petrobras", disse Padua, referindo-se ao comportamento dos preços da gasolina ao longo do ano.

MELHORIAS NOS CANAVIAIS Mesmo sem estimativas precisas, o setor de açúcar e etanol já projeta melhoria no caixa em 2015.

Um grande volume de etanol produzido na safra 2014/15 já será comercializado com preços melhores.

"O setor ainda carrega estoques suficientes até abril ou maio e há uma oportunidade de ter um preço melhor para esse período", disse Padua.

O diretor da Unica estimou também que a melhoria de renda das indústrias permitirá mais investimentos em renovação de canaviais ao longo deste ano, com impacto na produtividade da safra 2016/17.

"Estamos há dois ou três anos com nível de plantio muito aquém da realidade. Essa geração de caixa pode estimular maior reforma do canavial", disse Padua.

Para a presidente da Unica, Elizabeth Farina, a maior carga tributária sobre a gasolina é uma diferenciação positiva, porque "valoriza o combustível renovável que reduz emissões de gases de efeito estufa".

No entanto, ainda não é suficiente para estimular uma retomada de investimentos em capacidade industrial.

"É importante saber agora da persistência, da estabilidade das regras. A regra retoma alguns elementos do ciclo (passado) de investimentos no etanol", disse ela.

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