Economia

Aumento de gasto com Previdência leva governo a cobrar mais de servidores

Com crescimento dos gastos muito superior ao crescimento das receitas, os funcionários públicos têm se deparado com aumento das contribuições

Previdência: no Rio, esse cenário foi transformado em verdadeiras batalhas campais (Sergio Moraes/Reuters)

Previdência: no Rio, esse cenário foi transformado em verdadeiras batalhas campais (Sergio Moraes/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 10 de maio de 2018 às 14h38.

Última atualização em 10 de maio de 2018 às 14h50.

Rio de Janeiro - O aumento dos gastos com aposentados em um ritmo muito superior ao crescimento das receitas está no centro da crise fiscal que os Estados atravessam. E com reflexos diretos para os servidores, que têm se deparado com aumento das contribuições previdenciárias - para cobrir o rombo - e atrasos nos pagamentos.

No Rio, que atravessa a mais grave crise nas contas públicas entre os Estados, esse cenário foi transformado em verdadeiras batalhas campais. O governo enfrentou protestos violentos para aprovar medidas de ajuste previstas no plano de recuperação fiscal firmado com a União.

Foram aprovadas a elevação da contribuição previdenciária dos funcionários de 11% para 14% do salário bruto e regras mais rígidas para a concessão de pensões.

Em 2016, o gasto previdenciário do Estado atingiu R$ 13,7 bilhões, alta nominal (sem descontar a inflação) de 162,4% ante o registrado em 2005, segundo estudo do consultor Raul Velloso. A elevação nos gastos dos Estados com aposentadorias chama a atenção para a necessidade de reformas, segundo o especialista em contas públicas.

Velloso critica o governo Temer por ter dado ênfase no INSS na proposta de emenda à Constituição (PEC), parada no Congresso após a intervenção federal na segurança pública do Rio - intervenções impedem mudanças constitucionais.

"Houve um erro estratégico grave. O governo escolheu o alvo errado", disse Velloso, lembrando que o INSS atende trabalhadores de renda menor e com benefícios de menor valor, enquanto os funcionários públicos, geralmente, ganham mais.

O subsecretário dos Regimes Próprios de Previdência Social da Secretaria de Previdência, Narlon Gutierre, defendeu a PEC que está no Congresso. Segundo ele, o texto contempla os Estados. A diferença em relação à proposta original é o prazo de 180 dias para que os governos estaduais façam suas reformas.

Para o vice-presidente de Assuntos Fiscais da Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal (Anfip), Vanderley Maçaneiro, o cenário de elevação dos gastos com a Previdência do setor público é grave, mas as propostas de reforma deveriam, além de contemplar a elevação da contribuição e adoção de regras mais restritas, mirar no financiamento dos sistemas previdenciários.

Apoio

Embora tenha sido atingida pelos reajustes e, principalmente, pelo atraso de pagamentos no auge da crise, a dentista Djaura dos Santos de Oliveira, de 69 anos, servidora aposentada do Rio, defende mudanças nas regras previdenciárias. "A gente está vivendo mais. Vou fazer 70 anos e continuo trabalhando", disse Djaura, que atende em consultório particular.

Aos 28 anos, o professor de Educação Física da rede estadual do Rio Rafael Batista também não se opõe a mudanças. "As regras permitem que a gente se aposente muito cedo e com pensão muito baixa", disse o professor. Batista, porém, não poupa críticas à administração do Estado, após ser alocado em três escolas diferentes, em cidade do interior, a mais de 100 quilômetros de onde mora. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Acompanhe tudo sobre:Governo TemerReforma da PrevidênciaRio de JaneiroServidores públicos

Mais de Economia

ONS recomenda adoção do horário de verão para 'desestressar' sistema

Yellen considera decisão do Fed de reduzir juros 'sinal muito positivo'

Arrecadação de agosto é recorde para o mês, tem crescimento real de 11,95% e chega a R$ 201,6 bi

Senado aprova 'Acredita', com crédito para CadÚnico e Desenrola para MEIs