Economia

Aumento da Selic é “mal necessário”, diz diretor da Anefac

“Sempre fui crítico do aumento de juros. Mas, neste momento, não fazer nada seria o pior dos mundos”, disse Miguel José Ribeiro de Oliveira


	Economia: para a Confederação Nacional da Indústria (CNI), a elevação da taxa básica de juros é a opção de controlar inflação com maiores danos à produção.
 (Marcos Santos/usp imagens)

Economia: para a Confederação Nacional da Indústria (CNI), a elevação da taxa básica de juros é a opção de controlar inflação com maiores danos à produção. (Marcos Santos/usp imagens)

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Da Redação

Publicado em 13 de junho de 2013 às 07h48.

Brasília – O aumento da taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual para 7,5% ao ano era um mal necessário, na avaliação do diretor executivo e coordenador de estudos econômicos da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Miguel José Ribeiro de Oliveira.

“Sempre fui crítico do aumento de juros. Mas, neste momento, não fazer nada seria o pior dos mundos”, disse. Segundo avaliação do diretor da Anefac, caso nenhuma medida fosse adotada, a expectativa de inflação para o futuro iria continuar, o que levaria a reajustes de preços no presente. Ele acrescentou que a decisão do Copom sinaliza ao mercado a necessidade de parar com o reajuste de preços.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), escolhido pelo governo para o sistema de metas de inflação, vem subindo desde julho do ano passado. Em março, o índice acumulado em 12 meses chegou a 6,59% e ultrapassou o teto da meta de inflação do governo, que é 6,5%. Cabe ao BC fazer com que a inflação fique dentro da meta, no fechamento do ano. A meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional é 4,5% (centro da meta), com margem de dois pontos percentuais para mais ou para menos.

Já para a Confederação Nacional da Indústria (CNI), a elevação da taxa básica de juros (Selic) decidida pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central é a opção de controlar inflação com maiores danos à produção.

Na avaliação da entidade de empresários, a combinação de “aumento de gastos com elevação dos juros gera o pior cenário para a economia, que é o de inflação alta e crescimento mínimo”.


Os empresários reconhecem a importância de medidas do governo para evitar a alta dos preços, mas destacam que o setor tem registrado desempenho abaixo do esperado, dando continuidade à situação negativa do fim de 2012. Os empresários acreditam que o novo ciclo de alta dos juros irá afetar a confiança do empresário e comprometer os investimentos, cuja elevação considera essencial para reativar a economia.

Já a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) destacam, em comunicado, que a decisão de elevar a taxa poderia ter sido postergada para o próximo mês, “caso o governo adotasse medidas de austeridade para reduzir os gastos públicos”. Para a CNDL, o aumento dos juros tem efeitos colaterais amargos, pois reduz o consumo, o investimento, que passa a ficar mais caro, e piora a situação dos endividados.

A Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) voltou a condenar o que chama de “terrorismo do mercado financeiro, que forçou o Comitê de Política Monetária (Copom) a aumentar a taxa básica de juros, a Selic, para 7,5% ao ano”.

O presidente da Contraf-CUT, Carlos Cordeiro, se manifestou por meio de nota destacando que o “Banco Central errou ao engatar uma marcha ré no caminho da redução da Selic, pois essa decisão somente agrada aos especuladores do mercado financeiro e não ajuda a estimular o crescimento, a expansão do crédito, o fortalecimento da produção e do consumo e a geração de empregos".

Ontem, o Copom optou por aumentar a Selic para 7,5% ao ano, depois da manutenção da taxa em 7,25% nas três reuniões anteriores (novembro de 2012, janeiro e março deste ano).

Anteriormente, os juros básicos tinham passado por processo de redução. A Selic começou a cair na reunião do Copom do final de agosto de 2011 - quando foi de 12,5% para 12% ao ano - e manteve a trajetória de queda até outubro do ano passado, quando foi de 7,5% para 7,25% ao ano.

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