Apesar da tentativa de conter a entrada de aço chinês no país, Brasil importou 23,7% a mais do material em 2024 em relação a 2023.. (Costfoto/NurPhoto/Getty Images)
Redator na Exame
Publicado em 22 de agosto de 2024 às 06h03.
Mesmo com a introdução de cotas tarifárias para proteger a indústria siderúrgica nacional, o Brasil registrou um aumento significativo nas importações de aço em 2024. Segundo dados da associação Aço Brasil, o país importou 3,3 milhões de toneladas de aço nos primeiros sete meses do ano, representando um crescimento de 23,7% em relação ao mesmo período do ano anterior. Esse aumento ocorre em um contexto de proteção tarifária introduzida em junho, destinada a conter a entrada de aço chinês a preços predatórios. As informações são da Bloomberg.
A China, maior fornecedora de aço para o Brasil, continua a desempenhar um papel central nesse aumento das importações. Em 2023, o Brasil já havia importado 5 milhões de toneladas de aço, sendo mais da metade desse volume proveniente da China. O influxo de aço barato para a América Latina, impulsionado por tarifas proibitivas em outras regiões, tem pressionado ainda mais o mercado siderúrgico brasileiro, que luta para manter sua competitividade.
O governo brasileiro, em resposta, implementou um sistema de cotas tarifárias que visa regular as importações de 11 tipos de produtos siderúrgicos. As tarifas adicionais são aplicadas apenas quando as importações excedem as cotas estabelecidas, o que gerou expectativas de uma possível redução nas importações desses produtos em mais de 25% até o final do ano. A Aço Brasil acredita que, se o sistema for devidamente aplicado, pode haver uma diminuição significativa na entrada desses produtos no país.
Apesar das medidas, o aumento expressivo nas importações registrado até julho levanta preocupações sobre a eficácia das cotas tarifárias e a capacidade do governo de controlar o fluxo de aço estrangeiro no mercado interno. A leve redução na participação das importações chinesas em julho é vista como um sinal positivo, mas ainda é cedo para afirmar que as medidas surtirão o efeito desejado a longo prazo.
Com a economia global em constante mudança e a pressão das importações de baixo custo, o Brasil precisa de uma estratégia robusta e flexível para enfrentar os desafios do setor siderúrgico. A aplicação rigorosa das cotas tarifárias, juntamente com medidas adicionais de proteção, será crucial para garantir a sustentabilidade da indústria nacional e evitar uma dependência excessiva de fornecedores estrangeiros, especialmente em um momento de incertezas econômicas globais.
As próximas etapas incluem a avaliação contínua da eficácia das cotas e a possível introdução de novas políticas para fortalecer a posição da indústria siderúrgica brasileira no mercado internacional. O futuro do setor dependerá da capacidade do governo e da indústria de trabalhar juntos para encontrar soluções que promovam o crescimento sustentável e protejam os interesses nacionais em um ambiente de crescente competição global.