Economia

Aumento da desigualdade nos EUA preocupa presidente do Fed

Janet Yellen disse estar muito preocupada com o aumento das desigualdades nos Estados Unidos, que são as maiores desde o século passado


	Janet Yellen: "a extensão do avanço constante da desigualdade nos EUA me preocupa muito"
 (Bloomberg)

Janet Yellen: "a extensão do avanço constante da desigualdade nos EUA me preocupa muito" (Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 17 de outubro de 2014 às 16h42.

Washington - A presidente do Federal Reserve (Fed), Janet Yellen, disse, nesta sexta-feira, estar "muito preocupada" com o aumento constante das desigualdades nos EUA, que são as maiores desde o começo do século passado.

"A extensão do avanço constante da desigualdade nos EUA me preocupa muito", disse a titular do Fed (o Banco Central americano) em discurso pronunciado em uma conferência sobre economia realizada em Boston nesta sexta-feira.

"Acho que é tempo de se perguntar se isso é compatível com os valores de igualdade de oportunidades que estão arraigados na história da nossa sociedade", acrescentou.

Não é a primeira vez que Yellen se refere ao aspecto social da lenta recuperação da economia dos Estados Unidos. Seu primeiro grande discurso como presidente do Fed no início do ano foi intitulado de "A dolorosa e lenta reativação para os trabalhadores americanos".

No Fed, Yellen faz parte do grupo de dirigentes que se preocupa mais com o desemprego do que com a inflação.

"As desigualdades voltaram a se aprofundar durante a reativação econômica, enquanto que o mercado financeiro se recuperou. O crescimento dos salários (...) foi frágil, e a alta dos preços dos imóveis dificulta a recuperação do patrimônio perdido por boa parte das famílias durante a crise", disse Yellen.

A importância da educação

Segundo Yellen, a desigualdade de renda e de patrimônio nos Estados Unidos "quase atingiu o pico do século passado".

A recessão se estendeu de 2008 até junho de 2009 nos EUA, após o estouro da bolha imobiliária, em um contexto em que os preços dos imóveis registravam aumento dos preços. Desde então, verifica-se uma lenta e modesta recuperação.

Citando dados do Fed, Yellen lembrou que a renda dos 5% mais ricos cresceu 38% entre 1989 e 2013. Em comparação, a renda de 95% das famílias aumentou somente 10%.

"A distribuição de riqueza é ainda mais desigual do que a de renda", completou. "Os 5% mais ricos possuíam 54% de toda a riqueza em 1989, e esse percentual subiu para 63% em 2013", concluiu.

No ano passado, 50% das famílias com menos renda possuíam apenas 1% da riqueza.

De acordo com a presidente do Fed, 5% dos mais ricos têm dois terços dos ativos financeiros, como ações, títulos do Tesouro americano, ou similares.

Yellen destacou a importância da educação para melhorar esse quadro e denunciou o financiamento problemático desse setor no país. Assim como outros funcionários no ramo econômico, Yellen demonstrou recentemente sua preocupação com o endividamento dos jovens para custear seus estudos.

A dívida desse grupo nos EUA quadruplicou em dez anos e supera US$ 1 trilhão.

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