Tarifas: o presidente americano quer combater o déficit comercial dos Estados Unidos (Carlos Barria/Reuters)
AFP
Publicado em 6 de abril de 2018 às 16h06.
A China afirmou nesta sexta-feira (6) estar disposta a "ir até o fim, custe o que custar", em sua guerra comercial com os Estados Unidos, após as ameaças do presidente Donald Trump de impor novas tarifas aduaneiras de 100 bilhões de dólares.
As ameaças recíprocas entre Pequim e Washington foram quase diárias nesta semana. Assim, o Ministério chinês de Comércio reagiu imediatamente às últimas declarações de Trump, apesar de ser feriado na China.
"Se os Estados Unidos ignorarem a oposição da China e da comunidade internacional e insistirem em suas medidas unilaterais e protecionistas, a China está disposta a ir até o fim, custe o que custar", indicou a pasta em nota.
"Não queremos uma guerra comercial, mas não tememos lutar uma", alertou Pequim.
Horas antes, Donald Trump ameaçou impor tarifas aduaneiras adicionais às importações chinesas de até 100 bilhões de dólares. Washington já tinha dado, na terça-feira, um passo à frente para o confronto comercial, ao anunciar uma lista de produtos chineses cuja importação seria tarifada em cerca de 50 bilhões de dólares.
Em resposta, Pequim publicou sua própria lista de produtos americanos estratégicos (soja, automóveis, aeronáutica), por um montante equivalente ao anunciado por Washington.
Em seguida, a China protestou formalmente contra os Estados Unidos, na quinta-feira, ante a Organização Mundial de Comércio (OMC) pelas "medidas tarifárias sobre produtos chineses" que Washington considera aplicar.
"Em vez de corrigir sua má conduta, a China optou por prejudicar nossos agropecuaristas e industriais", reagiu Trump, em uma desafiante declaração.
"À luz da injusta represália da China", Trump garantiu que tinha ordenado a seus funcionários comerciais que estudem a imposição de tarifas adicionais de 100 bilhões de dólares.
Embora Trump tenha optado claramente por elevar a pressão, ao responder imediatamente às medidas chinesas, por ora os países estão só nas ameaças.
O representante comercial americano (USTR), Robert Lighthizer, afirmou em nota que as medidas de represália comercial entrariam em vigor apenas depois de um processo de consulta pública.
Contudo, a perspectiva de uma guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo gerou uma incerteza elevado nos mercados, onde investidores não conseguem se certificar se as ameaças podem se tornar realidade.
Alternando as advertências e a mão estendida, Trump tinha garantido, na quinta-feira, estar aberto para dialogar para chegar a um "comércio livre, limpo, justo e recíproco".
De acordo com Lighthizer, "o presidente Trump propõe uma resposta apropriada para a ameaça recente da China de impor novas tarifas aduaneiras. Após uma investigação detalhada, o escritório do USTR encontrou provas irrefutáveis de que as ações da China ameaçavam a economia americana".
Além disso, o USTR denunciou novamente práticas chinesas que, segundo os americanos, constituem roubo de propriedade intelectual das empresas americanas que desejam fazer ou fazem negócios na China.
Trump quer combater o déficit comercial dos Estados Unidos, considerado um resultado da fraqueza de seus antecessores.
A China é um dos principais alvos neste assunto. O déficit comercial americano ante Pequim (375,2 bilhões de dólares) levou Trump a pedir para autoridades chinesas "reduzirem imediatamente" este déficit em 100 bilhões de dólares.
Segundo especialistas, em seus anúncios de represália, a China criou uma lista de futuros produtos a taxas para afetar o mais duramente possível as regiões que votaram a favor de Trump, uma forma de exercer um máximo de pressão sobre o mandatário.
Já o ministro chinês de Relações Exterior, Wang Yi, que visitou Moscou na quinta-feira, pediu uma mobilização internacional contra Washington por suas "ações unilaterais e violação de normas".