IBC-Br: índice é uma espécie de sinalizador do Produto Interno Bruto do Banco Central (Mario Tama/Getty Images)
Reuters
Publicado em 14 de junho de 2019 às 08h56.
Última atualização em 14 de junho de 2019 às 09h53.
São Paulo - A atividade econômica do Brasil iniciou o segundo trimestre com recuo em abril depois de terminar os três primeiros meses do ano com contração, pressionada principalmente pelas vendas varejistas e ratificando as preocupações com o crescimento.
O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), espécie de sinalizador do Produto Interno Bruto (PIB), apresentou queda de 0,47% em abril na comparação com março, segundo dado dessazonalizado divulgado pelo BC.
O resultado configurou a quarta queda seguida do IBC-Br na comparação mensal e ainda mostrou piora em relação à leitura de março, quando o índice caiu 0,3%, em dado revisado pelo BC de queda de 0,28% divulgada antes.
O dado de abril ainda frustrou a expectativa de avanço de 0,20% em pesquisa da Reuters.
Na comparação com abril de 2018, o IBC-Br apresentou recuo de 0,62% e, no acumulado em 12 meses, teve avanço de 0,72%.
"A economia continua a operar com alto grau de ociosidade em termos de utilização dos recursos. O avanço na direção da consolidação fiscal em níveis federal e subnacional continuam, em nossa avaliação, sendo essencial para ancorar o sentimento do mercado, sustentar a confiança do consumidor e das empresas e alavancar o que tem sido até agora uma recuperação extremamente rasa e decepcionante", disse em nota o diretor de pesquisa econômica do Goldman Sachs, Alberto Ramos.
Segundo dados do IBGE, o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil teve recuo de 0,2% no primeiro trimestre na comparação com os últimos três meses de 2018, na primeira queda trimestral desde o fim de 2016.
Em abril, a produção industrial brasileira registrou avanço abaixo do esperado de 0,3% sobre março, pressionada pela indústria extrativa e mostrando irregularidade.
As vendas varejistas tiveram no mês o primeiro resultado negativo para abril em quatro anos ao recuarem 0,6%, mas o volume de serviços teve alta pela primeira vez no ano, de 0,3%.
A atividade econômica brasileira vem encontrando dificuldades de engrenar diante de uma taxa de desemprego de 12,5% com nível recorde de pessoas subutilizadas e de desalentados, bem como alto grau de capacidade ociosa.
A consolidação fiscal permanece no foco das atenções, destacadamente a da Previdência, com o risco de o país sofrer nova recessão pesando sobre o governo do presidente Jair Bolsonaro.
A reforma previdenciária é considerada imprescindível para melhorar o sentimento entre mercado, empresas e consumidores, e na véspera o relator Samuel Moreira (PSDB-SP) apresentou parecer com impacto fiscal total m torno de 1,13 trilhão de reais. O texto, entretanto ainda não tem uma data para ser votado pela comissão especial da Câmara dos Deputados.
As expectativas de crescimento para o Brasil continuam sofrendo seguidos cortes, e a mais recente pesquisa Focus realizada semanalmente pelo Banco Central junto a uma centena de economistas mostrou que a estimativa para a atividade neste ano agora é de crescimento de 1%, indo a 2,23% em 2020.