O novo primeiro-ministro grego, Lucas Papademos: o governo pretende que a taxa seja de 4%, enquanto os credores privados querem aplicar 6% de juros (Louisa Gouliamaki/AFP)
Da Redação
Publicado em 18 de janeiro de 2012 às 08h02.
Atenas - O governo grego espera nesta quarta-feira a chegada dos representantes de seus credores privados e deve negociar um acordo sobre uma grande redução da dívida do país, após as conversas a esse respeito terem sido interrompidas na última sexta-feira.
Os credores privados serão representados pelo Instituto de Finanças Internacional (IIF, na sigla em inglês), cujo diretor-gerente é Charles Dallara, e Jean Lemierre, assessor especial.
Em comunicado, o IIF, com sede em Washington e que reúne os bancos e seguradoras que possuem a maior parte da dívida privada grega, indicou que Dallara e Lemierre 'confirmaram que retornarão a Atenas nesta quarta-feira para reassumir as discussões com a cúpula do governo da Grécia'.
Fontes consultadas pela Agência Efe em Atenas na terça não detalharam a hora da chegada dos representantes estrangeiros, mas deram a entender que eram esperados para a tarde e que as negociações poderiam ser retomadas eventualmente na quinta-feira.
O IIF ressalta em sua nota que Dallara e Lemierre 'reiteraram seu compromisso de buscar um acordo sobre uma reestruturação voluntária da dívida da Grécia e pediram a todas as partes que trabalhem para atingir esta meta com urgência'.
Na semana passada, Dallara e Lemierre mantiveram várias reuniões em Atenas com o primeiro-ministro, Lucas Papademos, e o ministro das Finanças, Evangelos Venizelos, sem conseguir um acordo.
O entrave das negociações é a taxas de juros dos novos títulos de dívida que substituirão os atuais nesta troca que, como ressaltou na semana passada o IIF, representa uma redução 'sem precedentes' da dívida grega em mãos privadas, o que significa que seriam perdoados 100 bilhões de euros.
A imprensa grega indicou que o governo pretende que a taxa seja de 4%, embora estaria disposto a chegar aos 5%, enquanto os credores privados teriam reduzido suas exigências de 8% para 6%.
Outra divergência é a legislação que seria aplicada aos novos títulos, que a Grécia quer seja a sua própria, enquanto o IIF pretende que seja a britânica.
O perdão da dívida é parte essencial do programa de resgate estipulado em outubro com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e a União Europeia (UE), no valor de 130 bilhões de euros.
Alguns meios de comunicação gregos apontaram que vários fundos de alto risco que possuem dívida grega estão se negando a concordar com uma reestruturação da dívida, uma postura que poderia levar o governo a aprovar uma lei que obrigue todos os credores a aceitar o perdão, possibilidade confirmada por Papademos, segundo o site 'Skai.gr'.
No entanto, essa medida poderia fazer com que as agências de classificação de risco declarassem a Grécia em falência.
A reunião quase coincidirá com a chegada dos chefes da chamada troika, os inspetores do FMI, da Comissão Europeia e do Banco Central Europeu, para verificar se a Grécia está cumprindo seus compromissos de redução dos gastos públicos, condição imposta para aplicar o plano de resgate.
Em todo caso, o FMI e a UE querem que o acordo com os bancos seja fechado antes de darem início ao mecanismo de resgate.